Cerca de 40 trabalhadoras de uma empresa têxtil situada em Vilela, Paredes, estão, desde o início da semana, em vigília junto à fábrica Jobbdress, Lda., até que lhes seja reposto o dinheiro em falta.
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As funcionárias, algumas com 27 anos de trabalho nesta empresa gerida por empresárias nórdicas, temem não receber as devidas compensações pecuniárias depois de terem sido informadas que a Jobbdress, Lda. apresentou no Tribunal um pedido de insolvência.
As funcionárias, que não querem ser identificadas com medo de represálias, garantem ao JN que não houve qualquer conversa prévia entre os trabalhadores e a administração.
A Jobbdress, Lda. instalou-se na zona industrial de Penafiel há quase três décadas. Criada por uma empresária do Norte da Europa, esta fábrica dedicada à produção de vestuário usado no trabalho oferecia condições laborais únicas e nunca atrasou o pagamento dos ordenados.
Mas, há três anos, as cerca de 60 funcionárias mudaram-se de Penafiel para uma nova fábrica situada em Vilela, Paredes, e foi aí que começaram os problemas. "Os ordenados começaram a ser pagos mais tarde e em parcelas", recorda uma das trabalhadoras.
Mas foi já em agosto deste ano que a situação na Jobbdress, Lda. se complicou definitivamente. "Só recebemos o ordenado desse mês em setembro", explica outra funcionária. E, desde essa altura, as trabalhadoras só voltaram a receber meio ordenado de setembro.
Sem qualquer explicação da administração para o incumprimento verificado, 11 funcionárias avançaram, logo no início do mês passado, para a suspensão dos contratos de trabalho. As restantes mantiveram-se a trabalhar até à manhã de sexta-feira da semana passada.
"Nesse dia, fomos informadas pela encarregada geral que a empresa tinha pedido insolvência e que estava à espera da resposta do Tribunal. Parámos, de imediato, as máquinas", referem.
"E desde segunda-feira que cumprimos o horário, mas não trabalhamos. Às vezes estamos no exterior, mas o frio obriga-nos, de vez em quando, a irmos para dentro da fábrica. Vamos ficar aqui até que nos deem garantias que vamos receber o que temos direito", acrescentam.
A Jobbdress, Lda. confeciona saias, jardineiras, fatos, macacões e casacos para usar no trabalho. Produtos que saíam, primeiro de Penafiel e agora de Paredes, para mercados como os da Áustria, França, Reino Unido, Suíça, Espanha e Finlândia. "A nossa produção era quase toda para exportação. Sempre tivemos muito trabalho e continuávamos a ter encomendas. Mas a matéria-prima começou a faltar", afirma uma trabalhadora que, juntamente com as colegas, já recorreu a um advogado.
O JN tentou contactar a administração da empresa, por telefone e também nas instalações em Vilela, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.