Comunidades Intermunicipais de Leiria e da Beira Baixa pedem requalificação urgente da via.
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Nos primeiros três meses do ano houve 26 acidentes no IC8, que resultaram em três vítimas mortais e, houve, pelo menos, um morto no mês de abril. Segundo dados da GNR, o número de mortos registados no primeiro trimestre já é superior ao total de 2024 (ano em que se registou uma vítima mortal) e metade do total contabilizado em 2023. Os presidentes das Comunidades Intermunicipais de Leiria e da Beira Baixa garantem que é necessária uma intervenção urgente na via, sobretudo no troço entre Ansião e Pombal.
A sinistralidade no itinerário complementar, que liga a A17, junto ao Outeiro do Louriçal, em Pombal, e a A23, perto de Vila Velha de Ródão, tem crescido ao longo dos anos. Em 2023 ocorreram 89 sinistros e, o ano passado, o número de acidentes ascendeu a 154. Só no primeiro trimestre deste ano já ocorreram 26 acidentes, tendo provocado três vítimas mortais. "É inaceitável que, em pleno século XXI, uma via estruturante como o IC8 continue a representar um risco constante para quem nela circula. A requalificação deste troço é uma necessidade premente e inadiável", afirma Gonçalo Lopes, presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL).
Aos três mortos, soma-se mais uma vítima mortal, na sequência do acidente que ocorreu a 1 de abril, entre Proença-a-Nova e o Peral. O número de mortes já é superior aos óbitos contados em 2024 (1) e mais de metade do total contabilizado em 2023 (6). A maioria dos acidentes registados nos três anos são colisões (138), seguindo-se os despistes (100), sendo que todas as mortes resultaram do choque entre, pelo menos, dois veículos. Os dados da GNR revelam que nos primeiros três meses houve dois feridos graves e 11 leves.
Falta de vontade política
De acordo com João Lobo, presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Beira Baixa, os níveis de tráfego no IC8, nomeadamente o de pesados, tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, agravando a "perigosidade". Além da baixa fluidez, o acréscimo de tráfego provoca mais "tensão" nos automobilistas, diz o também presidente da Câmara de Proença-a-Nova.
Os autarcas defendem a requalificação da via, sobretudo no troço entre Avelar, em Ansião, e Pombal, uma vez que a estrada não possui características de itinerário complementar. "O traçado não corresponde à natureza de IC, é uma melhoria da antiga estrada nacional 237. É urgente darmos continuidade em termos de segurança e perfil a todo o IC8", garante Gonçalo Lopes, igualmente edil de Leiria.
Além disso, as duas regiões pedem uma intervenção, também urgente, nos nós de acesso ao IC8, pois não têm passagens desniveladas, nem existem faixas de aceleração e desaceleração. "A reestruturação dos nós, que têm um nível de perigosidade acentuado, estão ao mesmo nível de prioridade da ligação entre Ansião e Pombal", alerta João Lobo.
O presidente da CIM da Beira Baixa defende ainda a duplicação da via. Ao longo dos últimos anos têm sido apresentadas, por parte das duas comunidades intermunicipais e dos vários partidos, soluções para a requalificação daquela via, mas nada foi feito, asseguram.
"Ninguém coloca em causa os investimentos que são precisos fazer nas grandes áreas metropolitanas, mas relativamente ao resto do território, o Estado não olha com os mesmos olhos para investimentos prioritários", lamenta Lobo. Gonçalo acrescenta que "é um claro exemplo de como a falta de descentralização penaliza o interior".