Uma tainada na aldeia de Maladão, em Arganil, provocou um surto com mais de 50 pessoas infetadas na localidade e quatro residentes, idosos com outras patologias, já morreram como consequência direta da covid-19, confirmou na segunda-feira ao JN o presidente da Câmara de Arganil, Luís Paulo Costa.
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O autarca, bem como outras pessoas da aldeia onde moram cerca de 150 pessoas, não sabe onde decorreu o convívio realizado nas vésperas de Natal, "provavelmente foi numa casa particular", mas tem a certeza de que foi o rastilho de pólvora que atingiu outras localidades do concelho. "Estamos com 180 casos ativos no concelho, no mínimo 50 residentes do Maladão, mas estimo que mais de 100 infeções tiveram origem nesse surto", afirmou.
Maladão fica a cerca de quatro quilómetros do centro de Arganil e é conhecida pelo seu "dinamismo" e por local de residência de vários empresários locais.
Dois focos possíveis
O líder da Comissão de Melhoramentos do Maladão, Paulo Cordeiro, adiantou ao JN que as vítimas são quatro idosos - dois homens e duas mulheres - na casa dos 80 anos, que residiam na aldeia. "Três faleceram no Centro Hospitalar de Coimbra e um em casa", especificou.
Paulo Cordeiro esclarece que o grupo a que preside não teve qualquer ligação à "patuscada" que terá provocado o surto. "É verdade que todos os anos realizamos um convívio de Natal, com centenas de pessoas, mas desde fevereiro do ano passado que, devido à pandemia, não organizamos qualquer evento", frisa quem diz desconhecer onde se realizou o convívio particular deste ano.
Luís Paulo Costa diz que há duas suspeitas relativamente à origem dos focos. "Ou emigrantes em França que vieram para uma campanha de madeira ou um habitante da aldeia que já estava doente e que esteve na festa", referiu, aclarando que o primeiro caso foi confirmado ainda antes do novo ano.
O surto arrasou famílias inteiras de Maladão. De tal forma que a Comissão de Melhoramentos criou um serviço de apoio a quem não podia sair de casa. "Ainda ajudámos meia dúzia de pessoas, levando medicação e alimentos a casa", conta Paulo Cordeiro.
Segundo Luís Paulo Costa, "há um conjunto muito alargado de vasos comunicantes", registando-se focos em agregados fora da aldeia, em bombeiros - há "dois ou três que deram positivo" a partir de um contacto secundário -, suspeitando-se também de um possível surto num lar, onde se aguardam os resultados dos testes realizados no final da semana passada.
O presidente da Câmara adiantou ainda que há pessoas hospitalizadas, sem saber indicar quantas, e que algumas já tiveram alta.
Chegou à Câmara
Para o autarca, o alívio de restrições no Natal e a sensação de resolução imediata das vacinas "fazia adivinhar este resultado" e o próprio município, ainda antes de ter conhecimento deste surto, realizou testes rápidos a todos os funcionários na primeira semana deste ano. "Detetámos seis contaminados", observou, afirmando que foi necessário fechar ontem um serviço do Município de atendimento direto ao cidadão por causa desses casos positivos.
Maladão
Aldeia de empresários
Maladão é uma aldeia dinâmica com muita gente jovem e conhecida por acolher alguns dos empresários de vários setores de Arganil. Tem 150 habitantes e fica a quatro quilómetros da sede do Município.
Seis funcionários da Câmara testaram positivo e outros ficaram em isolamento, levando ontem ao fecho do serviço de atendimento direto ao cidadão.
Mondim de Basto
Aldeia no Alvão contaminada por emigrantes
Cerca de 30 emigrantes em França chegaram a Campanhó, Mondim de Basto, para passar o Natal e o fim de ano. Participaram em convívios, não tomaram precauções para evitar contágios pelo novo coronavírus, e acabaram por infetar conterrâneos e familiares. "Fizemos uma contagem e, entre emigrantes e residentes, ficaram infetadas 27 pessoas", disse, ao JN, Manuel Peixoto. Na pacata aldeia incrustada na serra do Alvão, onde vivem cerca de "90 pessoas", pelas contas de Hilário Peixoto, membro da Junta de Campanhó e Paradança, houve quem não cumprisse as normas de distanciamento social e a coisa correu mal. "Uma certa juventude não assumiu a responsabilidade que devia ter assumido e isto chegou onde chegou", acrescentou o autarca.