A maior parte das academias cancelou as festas. Coimbra foi das poucas que adiaram para outubro.
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As festas académicas, que habitualmente decorrem entre março e maio, foram todas canceladas ou adiadas, de norte a sul do país, devido à pandemia de covid-19. Mas, sem as receitas provenientes dos festejos, algumas associações académicas temem pela sua saúde financeira. É que, se nalguns casos, os eventos em questão davam prejuízo, noutros os lucros eram fundamentais para financiar o trabalho anual das associações. A Associação Académica de Coimbra (AAC) é das poucas que ainda esperam recuperar parte do prejuízo, se conseguir realizar a Queima das Fitas em outubro.
O cancelamento das semanas académicas deixou os alunos desolados. Principalmente os finalistas, que celebrariam o fim do seu percurso académico.
Não houve serenatas (presenciais), não houve imposição de insígnias, não houve missas, cortejos, nem noites de concertos. Mas, além do sentimento generalizado de tristeza, existe o fator financeiro, que está a preocupar alguns dirigentes associativos.
"Neste momento, as associações estão com grandes problemas financeiros, apesar dos apoios. No nosso caso, por exemplo, o financiamento do Instituto Português do Desporto e da Juventude representa apenas 2% do nosso orçamento anual, que ronda os cinco milhões de euros", explica ao JN Rui Oliveira, presidente da Associação Académica da Universidade do Minho.
Em Braga, segundo o dirigente associativo, "nem sempre" o Enterro da Gata dá lucro. "No entanto, provoca fluxo financeiro, que ajuda a equilibrar as despesas correntes da associação, como o pagamento dos 13 funcionários", adianta.
Da cultura ao desporto
No Porto, também se optou por cancelar a Queima das Fitas. "Não fazia sentido adiar. O que fazemos tem de ser feito com certeza. E a única certeza que tínhamos era que a Queima 2020 não se podia realizar", sublinha Marcos Teixeira, presidente da Federação Académica do Porto.
O dirigente assume que as contas, sem a realização do evento, "ficam mais difíceis, mas não comprometem as finanças da associação". Praticamente sem custos de cancelamento dos festejos, Marcos Teixeira diz que "só custou no coração".
Coimbra, a mais antiga universidade portuguesa e onde se vive uma das principais semanas académicas do país, teve 100 mil euros de lucro. Aí, a opção passou por adiar os festejos para outubro. Por um lado, como frisa Leandro Marques, secretário-geral da Queima das Fitas, "porque é um marco da vida dos estudantes". Por outro lado, porque "é uma grande fonte de rendimento para as diversas estruturas e núcleos culturais, desportivos e políticos da AAC".
Só a título de exemplo, "financia a Regata Internacional da Secção de Desportos Náuticos, onde participam centenas de atletas".
Aveiro
Em Aveiro, a Semana do Enterro não costuma dar lucro. Por isso, António Alves, presidente da associação académica, está menos preocupado com as contas. "Se as condições de saúde pública permitirem", espera poder "fazer algo, mais à frente", para compensar os estudantes.
Interior
Em Viseu e em Vila Real, as semanas académicas foram canceladas. Na Covilhã foi adiada, sem nova data ainda anunciada.