<p>Um rapaz de 14 anos, aluno da Escola Básica Integrada de Campia, Vouzela, foi mordido no indicador direito por uma víbora que tentava esconder-se no esgoto de águas pluviais do recreio escolar. Esteve cinco dias hospitalizado.</p>
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Conduzido pelo pai ao Hospital Central de S. Teotónio, em Viseu, após uma breve passagem pelo centro de saúde de Vouzela, o estudante acabou por ser assistido em tempo recorde.
"A assistência pronta foi decisiva", reconhece a mãe, Arminda Neves, que diz ter sabido mais tarde, junto do corpo clínico, que o filho tinha sido atacado por um réptil, potencialmente perigoso, conhecido por "víbora europeia".
"Disseram-me que a mordidela podia ter consequências graves se o meu filho não tivesse sido imediatamente socorrido. O braço começou a inchar e até se pensou em operá-lo. Tivemos muita sorte. Os medicamentos foram suficientes", relata a mãe do rapaz ainda mal refeita do susto.
Tudo aconteceu na passada quinta-feira, faz amanhã oito dias, quando o aluno, que acabava de sair das aulas para o intervalo do almoço, não resistiu à tentação de pegar no pequeno réptil que se esgueirava por entre as grades de um esgoto de águas pluviais.
"O aluno agarrou-o pelo rabo e foi mordido. Ao que me contaram, a curiosidade foi mais forte que os conselhos que lhe deram, inclusive de uma colega. No fim, ainda o conseguiu matar", relata Glória Carvalho, presidente do conselho executivo da EBI de Campia.
Caso inédito na escola
A docente reconhece que o facto de o dedo do miúdo ter começado a inchar rapidamente, causou algum alarme. "Ficámos preocupados e chamámos logo o 112. Mas acabou por ser o pai, alertado para a situação, a levá-lo ao hospital".
Glória Carvalho assevera que em 11 anos de funcionamento da EBI de Campia, e pese embora o facto do seu isolamento e localização em meio rural, foi a primeira vez que se viu uma cobra no recreio.
"Aparecem aqui ouriços, toupeiras, sardaniscas, gatos e até perdizes. Uma situação natural já que estamos rodeados de mato e pinhal. Mas uma cobra é mesmo inédito", garante a professora.
A víbora tinha 20 centímetros de comprimento e a cabeça em forma de triângulo. "Nesta altura já devia estar a hibernar. Mas com as alterações climatéricas, deve ter-se perdido e andava desorientada. Atacou ao ser atacada", acrescenta Glória Carvalho.
Aluno quer ser biólogo
A docente justifica a inexistência em Vouzela de um plano e de antídotos para neutralizar as mordidelas destes répteis, com o facto de não haver notícia de cobras venenosas na região.
"Apesar disso, passámos a escola a pente fino e não descobrimos mais nenhum. Vamos aproveitar este incidente para uma acção pedagógica no Clube da Natureza", anuncia.
Já em casa e de regresso às aulas, depois de ter escapado a uma intervenção cirúrgica ao braço direito, o aluno promete vingança.
"Não aprende. Diz que quando apanhar uma cobra vai vingar-se", sorri a mãe, agora mais descansada, enquanto revela o gosto que o filho tem por bichos e a vontade de um dia ser biólogo.