Um rebanho foi atacado a poucos metros de uma população, em Miranda do Douro.
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Os moradores não têm dúvidas de que foi um grupo de lobos que desceu da floresta. O Instituto de Conservação da Natureza acha que não.
"Nunca se viu nada igual por estes lados". É assim que alguns moradores de Cércio, em Miranda do Douro, reagem ao ataque a um rebanho composto por 63 cabeças de gado, ontem de madrugada. Da investida resultou a morte de sete animais e ferimentos em mais de 20. A população diz sentir-se "insegura", já que o ataque foi efectuado na zona dos Fornos, a pouco mais de 700 metros das primeiras casas daquela aldeia, situada em pleno Parque Natural do Douro Internacional.
Os proprietários dos animais ficaram desolados com o ataque e a perda. Segundo um amigo da família, são de grande gravidade os ferimentos provocados nos bichos sobreviventes. Adiantou, ainda, que os técnicos do Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) estiveram no local para averiguar as causas do ataque.
Por seu lado, Luís Fernandes, veterinário da Organização de Produtores Pecuários de Vimioso - que foi chamado, ontem, ao local onde ocorreu o ataque - diz que, devido à gravidade dos ferimentos provocados, "há animais que morrerão nos próximos dias".
"Aqui houve um ataque provocado por animais selvagens, disso não há dúvidas, olhando para a gravidade dos ferimentos provocados nas ovelhas. Já tive de pôr termo à vida de alguns animais devido ao sofrimento em que se encontravam. Com o calor actual, há animais que poderiam não resistir a infecções", explicou o veterinário, que põe, assim, de lado a hipótese de o ataque ter sido feito por cães vadios.
O veterinário avançou, ainda, que o mais provável é que os ferimentos fossem "provavelmente provocados por um ataque de lobos". "Não posso afirmá-lo com toda a certeza, mas os ferimentos apresentados pelos animais, na zona dos pescoço, assim o indicam. Se fosse um cão, atacava-o e comia-o. Agora, nesta quantidade, é pouco provável ", explicou Luís Fernandes.
Em nota enviada ao JN, o ICNB avança que "a investigação ainda não está concluída. Os indicadores apontam para que o ataque ao rebanho não tenha sido causado por lobos: os animais apresentavam várias mordeduras dispersas, enquanto se fosse o lobo os sinais de ataque centravam-se na zona do pescoço".
Além do veterinário, também a população não acredita nessa tese. Olhando para os golpes profundos no pescoço, a maioria dos vizinhos dos donos do rebanho não tem dúvida de que o ataque foi perpetrado por lobos.