Um grupo de dez jovens, empenhado em recuperar a Festa à Senhora da Boa Nova de Árvore, vai oferecer-lhe um manto integralmente executado em renda de bilros. A peça está avaliada, pelo preço de mercado, entre os "oito e os dez mil euros" e foi executada por 20 rendilheiras daquela freguesia de Vila do Conde.
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Tudo começou há dois anos quando o grupo criou uma comissão para recuperar a romaria que se não realizava na localidade há cem anos. "Era das mais concorridas do concelho durante o século XIX, e que se deixou de fazer na década de 20 do século passado. Há um artigo que refere que a "estrada nacional que ligava Vila do Conde assemelhava-se a um formigueiro de gente", de tão grande que era a romagem das gentes do mar, das comunidades piscatórias de Caxinas, Póvoa de Varzim e Angeiras [Matosinhos] à sua ermida aquando desta festa, que se realizava anualmente no primeiro fim de semana de setembro", conta Vítor Silva, da Comissão de Festas, ao JN.
A pandemia de covid-19 atirou a festividade, com o seu arraial e procissão, para o próximo ano, mas não impediu a realização de outras iniciativas, como a que levou à execução da peça única, com cerca de 3,20 metros de largura por 1,80 metros de comprimento, destinada à imagem de roca. "Trata-se de uma antiga imagem de vestir que, no dia da festa, envergava um vestido e manto bordados a ouro, várias joias, entre outros adornos, que, aliados à perfeição escultórica da imagem e ao sumptuoso andor em que esta seguia em procissão, impressionava qualquer um à sua passagem", diz o jovem de 23 anos.
Para esta nova veste, foram utilizados cerca de 80 novelos, num total de 9500 metros de linha dourada, sendo composta ainda por 64 piques (moldes) e dez metros de renda em debruado.
A peça para a "padroeira e protetora dos mareantes" só será revelada numa cerimónia religiosa a 6 de setembro, data em que lhe será entregue, mas a imposição será somente no próximo ano, aquando da realização da sua festividade.