Organização da prova contactou Lisboa mas negociações não terão avançado.
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A Red Bull ainda não decidiu onde vai fazer voar os seus aviões em Portugal. Tanto a Câmara de Lisboa como a do Porto foram contactadas, mas a organização não voltou a falar com qualquer das autarquias.
A situação não é exclusiva de Portugal onde, segundo garantiu ao JN o porta-voz da Red Bull no nosso país, há intenções de repetir a Red Bull Air Race. "Em todo o mundo, o calendário de 2010 não está definido", salientou aquela fonte. De facto, só a cidade de Perth, na Austrália, está oficialmente confirmada como uma das anfitriãs do próximo ano, depois de já ter acolhido a corrida em 2006, 2007 e 2008.
A cidade de Windsor, no Canadá, e Budapeste, na Hungria (a capital onde a Red Bull Air Race mais esteve - sete vezes, entre 2003 e 2009) já disseram estar mais do que disponíveis para voltar a acolher a prova, tal como Londres, no Reino Unido e até Itália, onde nunca houve corrida Red Bull, já apontou a cidade de Génova.
Não obstante, esta disponibilidade foi apenas sugerida pelos governos nacionais ou locais de cada país, estimulados pelo impulso que a prova deu à economia das cidades por onde passou. No site da Red Bull, apenas Perth está confirmada como destino da prova a realizar em Abril de 2010, sobre o magnífico Rio Swan.
A probabilidade da transferência da Red Bull Air Race do Porto e Gaia, cujo rio comum foi sobrevoado pelas acrobacias aéreas durante três anos consecutivos, para Lisboa foi avançada pelos presidentes daquelas câmaras na semana passada.
Na sexta-feira, Luís Filipe Menezes e Rui Rio afirmaram ter sabido por "fonte oficiosa" mas de "grande credibilidade" que a organização da corrida se preparava para "voar" para a capital portuguesa, por 12 milhões de euros, com patrocínios de empresas participadas pelo Estado. Ontem, contudo, o ministro da Economia disse na Assembleia da República que o Governo não está a ser consultado sobre o próximo destino da Red Bull Air Race, em resposta a uma pergunta do deputado do CDS-PP, João Almeida. "Não tenho conhecimento de que o Estado ou algum organismo em que o Estado tenha decisão esteja envolvido na localização do evento para o próximo ano", disse Vieira da Silva.
O JN confirmou que, até à passada sexta-feira, não deu entrada no Ministério da Economia qualquer candidatura de uma câmara solicitando apoio financeiro para a corrida. No ano passado, a comparticipação do Estado nas despesas das cidades de Porto e Gaia foi de 500 mil euros. As Câmaras entraram com 400 mil euros cada e o resto proveio de patrocínios.
A notícia de uma eventual deslocação da corrida para a capital inspirou reacções de protesto, sendo a mais inflamada a da Associação de Comerciantes do Porto, que apelou, anteontem, a um boicote ao consumo de produtos da Galp, EDP e TMN - empresas com participação estatal dadas como patrocinadoras do evento. Todavia, todas elas desmentiram o seu envolvimento. Galp Energia e EDP afirmaram nunca ter patrocinado a prova. A TMN, que patrocinou o evento nos últimos dois anos, garantiu em declarações à Lusa, que não pretende voltar a fazê-lo.
A Câmara de Lisboa confirmou ao JN o contacto da Red Bull, mas as negociações não terão ido além dessa sondagem de disponibilidade. "Houve uma abordagem à Câmara Municipal, mas face à situação de final de mandato do Executivo, não teve qualquer desensolvimento", disse ao JN o director do departamento de Desporto da autarquia lisboeta, Mário Guimarães.
O mesmo que aconteceu no Porto, segundo Rui Rio. "A seguir às eleições fomos questionados se estávamos interessados e nós demos como resposta que estávamos interessados. Estamos à espera da resposta", referiu, à margem da reunião da Junta Metropolitana do Porto. Fonte do gabinete do presidente da Câmara de Lisboa disse ao JN não haver novidades e que a autarquia lisboeta "é apenas uma das que a Red Bull está a contactar".