A aldeia de Ima, a 16 quilómetros da Guarda, ganhou quase uma dezena de novos povoadores em menos de um mês. Refugiados do Uganda e da Nigéria instalaram-se na povoação por vontade da Associação de Migrantes e Refugiados, com sede no Porto.
Corpo do artigo
Com o Projeto Lar, os impulsionadores da ideia angariaram terras na aldeia bem como quatro casas devolutas que reconstruíram apoiados em contratos de comodato assinados com moradores e proprietários da anexa freguesia de Jarmelo. "Eram pessoas que estavam à procura de uma oportunidade, tinham gosto pelo meio rural e queriam instalar-se com a família de forma estável", referiu Vanessa Rei, técnica social do projeto Lar.
Não tardou que um dos pedaços de terra abandonada ganhasse força de trabalho. "Todo o produto das colheitas vai ser drenado para uma grande superfície durante seis anos e isso garante um salário a cada uma das famílias, porque o objetivo é que tenham autonomia", explicou Bárbara Moreira, a ativista que está na génese do projeto. Com o apoio de um engenheiro agrónomo que aceitou ensinar o que sabe, o casal de nigerianos, ele professor de química e ela de língua gestual, ganhou ali um posto de trabalho. É no entanto um dos dois filhos que fala na sua história de guerra e paz.
Fuga da Nigéria
"Por causa dos conflitos, fugimos para o Norte da Nigéria, depois para o Sul e, em 2017, viemos para Portugal", recordou Kelvin Alfolabi. Fátima, a bebé de sete meses, é o elemento mais novo da família de cinco pessoas do Uganda instalada noutra das casas. A menina nasceu em Portugal no seio de uma família que ainda passou pela Alemanha, viveu em Lisboa e está há menos de um mês numa das mais pequenas aldeias da Guarda. "Tudo o que nunca tivemos ganhámos aqui. Temos uma casa, os meus filhos têm brinquedos, vão à escola e têm tudo o que precisam", disse Karina Javaid, técnica de marketing.
As crianças entram e saem de casa e expressam alegria em cada palavra que pronunciam em inglês. "Temos o nosso quarto, jogamos à bola, damos uma volta na aldeia e apanhamos ar fresco e por isso estamos felizes", atirou Zahid Javain, 11 anos. Agora, por causa dos novos povoadores, já é possível ver crianças a brincar na rua.