Em abril de 2005, António Nunes abriu o restaurante Refúgio d'El Rey, apostando na gastronomia regional. Diz que o fez em honra à mãe, natural de Ul, tal como ele, terra de moinhos e de pão. Gastou cerca de 730 mil euros. E tem o comboio à porta quatro vezes por dia.
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Em apenas nove meses, o empresário, que faz do turismo atividade principal há 26 anos, conseguiu transformar a decadente estação de Ul da linha do Vale do Vouga (ou Vouguinha) numa casa onde o cheiro a cabrito chega vindo do forno de padeira, instalado nos reconvertidos sanitários da estação.
São 30 os anos da concessão que António Nunes tem, mediante acordo com a REFER, a entidade que gere as estruturas ferroviárias, e uma renda mensal. Durante esse tempo, o empresário tentará obter o retorno do investimento, que transformou o imóvel num lugar de luxo porque belo.
Cada refeição custa, em média e por pessoa, 25 euros, havendo a possibilidade de usar o Vouguinha como meio de transporte, se bem que as 18 viagens que o comboio faz não coincidam com as necessidades do estômago.
O sucesso que a transformação da estação de Ul teve motivou António Antunes a avançar para idêntica operação no edifício de Espinho, na fronteira com a freguesia de Silvalde. Aí, o empresário quer instalar outro restaurante, um espaço para bar e um lugar para eventos. O processo ainda está em negociação e os tempos também não convidam a investimentos, que será sensivelmente o mesmo do que em Ul.
"Em Portugal, as pessoas têm vergonha da História e do Património. Há a cultura do deixa cair, do deixa fechar. Dou um exemplo: o meu pai tem uma farmácia em Oliveira de Azeméis e, em miúdo, ia com ele dar injeções aos presos. A cadeia é um espaço magnífico, que serviu já como posto de GNR. Hoje, cai. Para meu desgosto", afirma o empresário.