Os habitantes de Rio de Onor de Bragança e Rihonor de Castilla (Espanha) aguardam com expectativa, mas pouca preocupação, as limitações à circulação na fronteira a partir de segunda-feira.
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Com o novo estado de emergência, o Governo vai limitar deslocações para o exterior de cidadãos nacionais por via aérea, terrestre ou fluvial nos próximos 15 dias. No entanto, há exceções. Pode sair quem viaja por motivos "estritamente essenciais". O decreto 3-D/2021, publicado ontem, precisa que todos os que necessitem de se deslocar para "o desempenho de atividades profissionais ou equiparadas" podem fazê-lo, desde que a justificação esteja "devidamente documentada". Assim, as atividades "com dimensão internacional", como os atletas profissionais ou equiparados estão dentro das exceções.
Em Rio de Onor, ontem ainda se desconheciam as regras a aplicar, mas depois do fecho das fronteiras em março, a população não receia. Os mais afetados são os vendedores ambulantes. "O padeiro e o vendedor de fruta vêm de Portugal. Se eu for ali à fronteira basta estender o braço para me entregarem o saco das compras. Nem preciso de pôr um pé em Portugal", explica Ximenes Acunha, proprietária de uma loja de artesanato em Rihonor.
aldeias contíguas
As aldeias são contíguas, pelo que não é difícil contornar qualquer barreira de cimento que venha a ser instalada como sucedeu entre 16 de março e 1 de julho, quando o cadeado de uma das passagens só se abria duas vezes por semana para três agricultores circularem depois de terem pedido autorização aos governos dos dois países.
Fernando Garrot, vendedor de gás de Zamora, vai uma vez por mês a Rio de Onor, onde tem muitos clientes porque a garrafa de gás que vende é 12 euros mais barata do que em Bragança. Fernando promete não deixar ninguém desvalido. "Paro a carrinha na fronteira, do lado espanhol. Agora dou a volta às duas aldeias", explica.
Os que menos se queixam são os agricultores, poucos cultivam os campos de um lado e do outro. "Às vezes vamos às compras a Puebla de Sanábria, mas se não formos, não há problema", garante Domingos Fernandes.
No primeiro confinamento, Perpétua Preto e o marido, Luís Aguado, residentes em Rihonor, cruzavam a fronteira para Portugal quando a GNR retirava o cadeado. Perpétua tem esperança que desta vez não instalem barreiras que impeçam a circulação de veículos. "Foi intolerável. Esta aldeia está ligada por um cordão umbilical, que são os terrenos, e isso não pode ser rompido", critica.