Romaria de S. Bartolomeu de Ponte da Barca retoma tradições para aumentar genuinidade
O regresso da feira do gado e corrida de cavalos são apenas duas das novidades do programa da romaria de S. Bartolomeu de Ponte da Barca, que se realiza de 19 a 24 de agosto. O programa da festa foi apresentado esta quinta-feira na loja oficial da romaria, outra das novidades em que a nova comissão de festas e Câmara Municipal apostaram.
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Conhecida e procurada pelas rusgas tradicionais que, na madrugada de 23 de agosto, atraem milhares de visitantes e inundam as principais artérias da vila, a romaria este ano também vai alterar a forma como os cantadores e tocadores atuam. Em vez de um vão estar disponíveis quatro palcos, distribuídos pelos Paços do Concelho, zona das tasquinhas, Largo da Misericórdia e Jardim dos Poetas, para que os grupos de rusgas circulem por toda a vila. No final de todas as atuações, a festa concentra-se na Praça da República onde serão premiados os grupos que tenham a melhor estúrdia e traje. A todos os grupos, a organização continuará a oferecer um garrafão de vinho e um presunto.
Outra das novidades é o regresso, precisamente na madrugada das rusgas, do "café pinante", tradição que remonta aos anos 40 e 50 do século XX, durante a qual senhoras serviam café de cafeteira e eram "as mulheres de vida fácil que costumavam tomá-lo", explicou Arnaldo Sousa, confrade-mor da Confraria dos Amigos da Noite de S. Bartolomeu. "O desfile das rusgas é o momento mais alto da romaria e entendemos que o seu carácter espontâneo deixou de ser tão vivo. A ida das rusgas ao palco onde recebiam presunto e garrafões de vinho criou um ambiente quase burocrático, com 60 ou 70 rusgas que parecia que estavam à espera para tirar cartão do cidadão. Por isso, a ideia este ano é que as rusgas circulem pelos quatro palcos e pela vila", justificou.
A pensar na maior comodidade dos visitantes, a nova organização das festas conseguiu encontrar mais um local para estacionamento, no antigo horto, com capacidade para 500 viaturas. Também a proximidade com as forças de segurança foi reforçada, estando previsto que mais militares da GNR circulem pela vila durante a romaria. O arciprestado de Ponte da Barca terá também um papel mais ativo na romaria, uma vez que, lhe ficou incumbida a tarefa de organização da procissão religiosa.
Pedro Abrunhosa, Zézé Fernandes e Atacadores Desapertados (grupo emblemático de Ponte da Barca) são alguns dos convidados musicais responsáveis pela animação da festa que conta ainda com os grupos folclóricos do concelho.
Todas estas novidades da festa resultaram de uma reflexão que o novo executivo municipal, liderado pelo social-democrata Augusto Marinho, incentivou junto da nova Associação Concelhia da Romaria de S. Bartolomeu e da respetiva confraria da festa que já tinha elaborado um documento com um conjunto de sugestões para alterar a festa. "Quisemos um maior envolvimento da comunidade na festa, desde logo com o alargamento do recinto das festas com sete palcos espalhados pela vila, permitindo animação dispersa e beneficiando a população e os comerciantes", afirmou Augusto Marinho, sublinhando que todos os grupos musicais do concelho foram convidados a participar na festa.
"Todas estas alterações vão conferir um engrandecimento das festas e afirmação maior da nossa romaria, com o envolvimento de todos, como a mais genuína do Alto Minho", vincou.
"A romaria de S. Bartolomeu tem um espírito altamente gregário, fortemente identitário das pessoas de toda uma região, um espírito que faz com que abracemos desconhecidos, partilhemos comida e bebida com quem estamos de relações cortadas e que no dia seguinte não voltaremos a falar. Esta romaria no dia 23 à noite tem tanta gente às 5 da manhã como as outras romarias durante o dia e tem um carácter intergeracional", sublinhou Arnaldo Sousa.
O orçamento para esta romaria ainda não está fechado, mas Augusto Marinho admitiu que poderá ser superior aos 200 mil euros investidos na festa de 2017, 130 mil dos quais fruto do apoio direto da Câmara. A garantia deixada pelo autarca é que o apoio municipal será do mesmo valor de 2017, mostrando abertura para reforçar esse apoio, caso todas as iniciativas da comissão de festas para angariar fundos, designadamente a venda de merchandising na loja da romaria, não consigam colmatar todas as despesas que as alterações da festa impliquem.