O presidente da Associação Comercial do Porto desvalorizou hoje, quarta-feira, o cancelamento da Red Bull Air Race no Porto e Gaia, considerando que Portugal fez bem em não alinhar no "jogo de chantagem" dos promotores da prova.
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"Independentemente de ter havido muito pouco juízo da parte portuguesa [na preparação da prova], houve da parte da Red Bull uma tentativa de aproveitar as divisões que havia em Portugal para tentar aumentar a parada e, provavelmente, não o terá conseguido. Portanto, acho que se calhar a melhor solução era esta, não acho que se perca grande coisa com isso", afirmou Rui Moreira em declarações à agência Lusa.
A Red Bull Air Race anunciou hoje, quarta-feira, o cancelamento da prova que se ia realizar em setembro no Douro, atribuindo-o ao "inesperado atraso no processo que tinha como objectivo alcançar um novo acordo para o destino da corrida".
"A organização considera que se esgotou a margem de tempo necessária para colocar de pé um evento desta complexidade, dimensão e qualidade", afirmou em comunicado.
Ainda assim, a organização da Red Bull Air Race considera que "o processo negocial e de apoio à iniciativa com o Turismo de Portugal e as cidades associadas de Lisboa, do Porto e de Gaia" decorreu "de forma positiva" e diz estar "empenhada em manter Portugal no calendário".
Depois de duas edições nas marginais do Porto e Gaia, a Red Bull Air Race começou este ano por ser anunciada para Lisboa. As autarquias da capital, do Porto e de Gaia acabaram, contudo, por apresentar uma proposta conjunta que previa, nos próximos quatro anos, a alternância da corrida entre o norte e o sul do país, sendo que este ano, a 4 e 5 de Setembro, a prova iria realizar-se no norte.
Segundo Rui Moreira, "sempre se percebeu que o que a Red Bull queria era mais dinheiro e é provável que, depois de os portugueses se terem entendido como se se entenderam, terem achado que não valia a pena irem nesse jogo de chantagem".
"Nós não podemos ter estas coisas a qualquer preço e o que vamos ter que ser capazes, provavelmente, é de aproveitar empresas portuguesas como a João Lagos e, com tempo, sermos capazes de organizar os nossos próprios eventos", sustentou.
Para o presidente da ACP, eventos como a Red Bull Air Race "começam muito bem, mas a determinada altura, depois de as coisas estarem instaladas, começam a fazer chantagem".
"Ficam para a história as duas provas que foram feitas no Porto e Gaia e que foram um sucesso, mas - e falo por mim - fui ver a primeira edição, a segunda já foi mais do mesmo e, se calhar, já não iria ver a terceira", disse.
Para Rui Moreira, "a imagem do Porto saiu, de facto, reforçada com a Red Bull, mas esse aspecto já se conseguiu capitalizar".
Quanto ao "empenho" manifestado pela organização em "manter Portugal no calendário", a ACP acredita que "eles estarão interessados, mas desde que Portugal esteja disponível para abrir os cordões à bolsa e ceder a todas as suas exigências".