Empresa com autorização para comercializar covilhetes pré-congelados vai apostar em todo o país e na exportação.
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Até agora só saíam de Vila Real covilhetes já cozidos e prontos a comer. O concelho transmontano não tinha autorização para comercializar esta espécie de empada típica pré-congelada, de modo a permitir a sua preparação e consumo ainda quente no destino. A empresa Soul & Flavors é a primeira a ter licença para o fazer e já está a criar uma rede para os colocar em todo o país e no estrangeiro.
Não é que haja mal algum em levar os covilhetes para outras bandas já preparados. Mas se a distância for grande, nomeadamente quando levados para outros países, o prazer de o consumir não é o mesmo. Até porque, segundo Mário Rodrigues, gerente da Soul & Flavors, "a melhor forma de o comer é morno".
Comercializá-los pré-congelados carecia de uma autorização das entidades competentes em matéria alimentar, já que se trata de um produto classificado como de origem animal (carne de vaca). Por isso, havia que arranjar uma forma de conseguir essa capacidade, de modo a proporcionar noutros pontos do país o prazer de degustar o covilhete acabado de preparar.
A Soul & Flavors foi a primeira a dar o passo e depois de obras de adaptação, a fábrica, situada na freguesia de Lordelo, produz diariamente "6000 covilhetes". A capacidade dá para "1,5 milhões de unidades por ano".
Para além de fornecer a cidade, neste momento já tem covilhetes pré-congelados em "mais de uma centena de lojas no Norte, Grande Lisboa, Leiria, Santarém e Viseu". O objetivo é "alargar a oferta a todo o país até o final do ano". Em termos internacionais, a pretensão é estar, pelo menos, em "França, Suíça, Bélgica e Holanda", realça Mário.
O covilhete é uma empada cuja base e tampa são feitas de massa folhada e recheada com carne de vaca picada. O nome está associado à pequena forma de barro preto de Bisalhães em que ia ao forno. Pegou de estaca e hoje já só se associa a designação ao salgado de massa folhada, que na cidade de Vila Real é o mais é procurado por locais e turistas nas pastelarias e cafés.
No passado, o covilhete era apenas vendido nas festas de Santo António, do Senhor do Calvário e da Senhora da Almodena. A partir da década de 1860, os covilhetes começaram a ganhar notoriedade na gastronomia vila-realense. No século XX, passaram a ser vendidos pelas ruas da cidade por pessoas que os transportavam em tabuleiros de verga cobertos com panos de linho. Atualmente são confecionados diariamente nos principais estabelecimentos comerciais.