Polícia Municipal diz que problema tem impacto ao nível ambiental, da saúde pública e do estacionamento.
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Lixo acumulado, inexistência de seguro, pneus vazios ou teias de aranha. Há vários indícios que conseguem denunciar quando um veículo é deixado abandonado na via pública. Em Braga, a Polícia Municipal contabilizou 560 participações em 2021. E só nos últimos seis meses registaram-se mais 260 queixas, o que faz prever "que o ritmo vai manter-se" até ao final do ano, lamenta a agente responsável pelo serviço, Sílvia Costa, enquanto acompanha o serviço de reboque que, todas as semanas, é acionado para dar resposta ao problema.
Francisco Durães foi apanhado de surpresa numa das últimas ações na Avenida Dr. Artur Soares, perto da cadeia. Morador naquela artéria, "nunca tinha reparado" que o Renault Clio branco, pertencente a um vizinho, estaria estacionado no mesmo lugar há mais de 30 dias. A namorada do proprietário da viatura alegou que a viatura "estava avariada", logo que avistou os agentes. Mas com um pneu vazio, sem seguro e sem condições para se movimentar, a polícia teve de avançar com o reboque.
"Há 40 anos, só havia dois carros na rua. Agora, a Junta devia arranjar um parque para os pôr. Este trabalho da polícia é muito importante, mas deviam avisar as pessoas primeiro, porque é um transtorno"
"Quando nos chega uma denúncia, esta tem de ser verificada por um agente da Polícia Municipal. Ao fim de 30 dias, um carro pode ser removido se não se movimentar. Se virmos um carro sem matrícula, pode ser removido na hora", explica o coordenador da Polícia Municipal (PM) de Braga, Paulo Barroso, adiantando que, a maioria das participações decorre do trabalho de fiscalização dos próprios agentes daquela esquadra. Mas há, também, queixas que chegam por parte de cidadãos, juntas de freguesia, PSP e GNR.
"As reclamações dos moradores têm a ver com a falta de estacionamento. A cidade está saturada de viaturas. Se pensarmos, 500 carros abandonados, por ano, são 500 estacionamentos ocupados", constata Paulo Barroso, admitindo que a remoção de viaturas esquecidas na via pública é "bem vista pela população". Francisco Durães confirma. O bracarense considera que este "é um trabalho muito importante", embora defenda que os culpados "deveriam ser avisados antes do reboque".
"Julgo que o problema tem a ver com a situação económica dos donos, porque não têm condições para mandar arranjar os carros. Muitas vezes, dão-nos o carro para abater e a viatura reverte a favor do Município"
Maioria sem seguro
Segundo Sílvia Costa, os proprietários apenas têm de ser notificados após a remoção do veículo. Depois, contam com um prazo de 45 dias para decidir o que fazer com a viatura, que pode ser levantá-la ou enviá-la para abate. "Já houve carros que foram removidos mais do que uma vez. E a maioria está sem seguro", refere a responsável.
Além do ordenamento do trânsito, Paulo Barroso esclarece que o problema, que engloba veículos pesados, tem impacto "ao nível ambiental e da saúde pública", já que algumas viaturas servem de dormitórios.
Coima
92 euros
é o valor da multa pelo reboque de uma viatura da via pública. Se o proprietário não tiver o seguro em dia, a coima aumenta em 500 euros. Por cada dia de parque, são mais 25.