O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, anunciou na tarde desta sexta-feira que os Sapadores de Gaia podem vir a fazer parte do dispositivo nacional de combate aos incêndios. Uma novidade deixada durante a cerimónia que marcou a elevação da corporação, até agora companhia, ao estatuto de batalhão.
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O governante referiu que se trata de uma decisão concertada com a Secretaria de Estado da Proteção Civil e a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. "Entendemos que a vossa prontidão, a vossa capacidade e as vossas qualificações devem também estar ao dispor, em momentos em que se justifique, do dispositivo nacional de combate aos incêndios", referiu José Luís Carneiro aos elementos do agora designado Batalhão de Sapadores Bombeiros de Vila Nova de Gaia, numa cerimónia que decorreu junto ao edifício da Câmara.
Para o ministro, será uma forma de contar com "o conhecimento na prestação de um serviço a todo o país e, por essa via, contribuir para fortalecer" a capacidade de intervenção do batalhão, tendo em conta que se trata de uma corporação com larga experiência no combate a fogos florestais. Assim, os Sapadores de Gaia poderão fazer parte do dispositivo nacional, em circunstâncias como as que o país viveu nos últimos dias e na proporção que a proteção civil nacional considere adequada.
O anúncio foi feito já depois de José Luís Carneiro ter deixado uma "palavra de gratidão" a todos quantos, nos últimos dias, "deram o melhor de si, com abnegação, para salvar pessoas e bens". Palavras dirigidas aos bombeiros, mas também aos autarcas e às comunidades locais.
Lembrou que, apesar de a previsão para as próximas horas apontar para melhores níveis de humidade e ventos mais frescos, é necessário manter "a mesma atenção, a mesma responsabilidade, no uso de fogo e no uso das máquinas agrícolas e florestais". Por outro lado, referiu que o dispositivo nacional de proteção civil continua em nível de alerta, de forma a que "seja possível ajustar os níveis de prontidão e de pré-posicionamento de meios em função das dificuldades diagnosticadas em cada território".
Aprovada pelos órgãos autárquicos em maio, a passagem de companhia a batalhão significa mais meios humanos, mais veículos, mais financiamento e "a criação de alguns postos avançados", como referiu ao JN José Viana, comandante interino dos Sapadores de Gaia. "No futuro, temos de dispersar os efetivos", disse ainda, acrescentando que um dos postos avançados será instalado no centro histórico.
O Batalhão de Sapadores Bombeiros de Gaia tem 122 bombeiros e de momento estão em formação 31 candidatos, que devem entrar ao serviço a 1 de abril de 2023. Ainda no próximo ano, segundo o mesmo responsável, será aberto um processo de recrutamento para mais 40 operacionais, prevendo-se que, a breve prazo, o batalhão seja reforçado, ainda, com dez assistentes técnicos para a central de operações de socorro. O objetivo é retirar os operacionais das comunicações de emergência e "libertá-los para a linha de combate", concluiu.
Com este reforço a vários níveis, os Sapadores de Gaia estarão em condições de "garantir um corpo de socorro ao nível do melhor que há por essa Europa fora", afirmou o presidente da Câmara. Eduardo Vítor Rodrigues disse que estes bombeiros não são funcionários públicos apenas porque são pagos com dinheiros públicos, mas também porque "têm uma missão inigualável" na sociedade.
O autarca enalteceu o "espírito leal e solidário" dos Sapadores, acrescentando que a mudança de companhia para batalhão vai permitir também "reforçar o estatuto da corporação em Gaia e fora do concelho".
Para o ministro, o novo estatuto significa "um momento de consolidação da já longa maturidade desta corporação de bombeiros", a par do reconhecimento "pela capacidade ímpar que têm demonstrado ao longo destes 183 anos ao serviço da comunidade".
A origem do Batalhão de Sapadores Bombeiros de Vila Nova de Gaia remonta a 1839, quando a rainha D. Maria II fundou a então designada Companhia de Incêndios.