Eduardo Vítor Rodrigues afirmou, esta quinta-feira à noite, na assembleia municipal, que "se depender da Câmara de Gaia a ponte Maria Pia, que foi deixada ao abandono pelo Estado, não abre". O autarca explicou que a ponte pertence à IP e que o município não tem "milhões" para gastar com a infraestrutura.
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A assembleia municipal foi a continuidade da realizada no passado dia 22 e que foi interrompida quando a maioria socialista abandonou a sala em protesto contra uma recomendação da Iniciativa Liberal (IL) no sentido de ser feita uma auditoria independente aos recursos e procedimentos municipais. Esta quinta-feira, a mesma recomendação foi a votos e acabou por ser chumbada. Só a IL e o Chega votaram a favor.
Desta vez, o PS também apresentou uma recomendação, mas em moldes diferentes: requerer à Câmara de Gaia que faça chegar os relatórios das auditorias do presente mandato e que os mesmos sejam debatidos na assembleia municipal. Foi aprovada pela maioria socialista.
Antes destas votações, no período destinado aos munícipes, Eduardo Vítor Rodrigues foi questionado quanto às hipóteses de abrir a ponte Maria Pia ao público. O autarca explicou que a travessia é da "competência" da empresa Infraestruturas de Portugal (IP) e que só a ponte do Infante é uma "exceção", pois a sua manutenção resulta de um "protocolo" tripartido entre as câmaras de Gaia e do Porto e a IP.
Eduardo Vítor Rodrigues destacou que na Maria Pia "só existe um carril", sendo por isso "muito estreita", o que levanta "muitas dúvidas sobre a sua segurança", num cenário hipotético de poder vir a ser utilizada por peões e bicicletas.
"Estamos disponíveis [também a Câmara do Porto], mas tem que ser a IP a assumir a responsabilidade e a disponibilidade para fazer parte da solução. Se depender dos municípios, não vai abrir. Não temos dinheiro, nem o 'know how' (conhecimento) para fazer a gestão", adiantou.
"Seria preciso colocar um tabuleiro novo. A ponte ficou abandonada. Custaria todo o dinheiro que temos para investir na via pública, por ano. Têm que ser investidos milhões de euros", insistiu.
Presente no início, o presidente da Câmara ausentou-se depois no período da discussão e votação das recomendações. Nessa altura, por ter acusado o PS de ter rompido um "acordo de cavalheiros" resultante da reunião de líderes das bancadas que precedeu a assembleia, o PSD solicitou um intervalo de cinco minutos nos trabalhos, que se estendeu entre 15 a 20 minutos.
De volta à sala, os deputados procederam à votação. De lembrar que a auditoria independente pedida pela IL, e que foi reprovada, visava "estabelecer as bases para a manutenção da credibilidade institucional do município”, após a Operação Babel, que levou à detenção do ex-vice-presidente da Câmara, Patrocínio Azevedo, e à condenação em primeira instância de Eduardo Vítor Rodrigues pelo crime de peculato de uso.
Por ser considerada "inaceitável", os eleitos pelo PS abandonaram a sala no dia 22, em forma de protesto, e a retoma dos trabalhos foi agendada para a quinta-feira seguinte.