Complexo na Zona Histórica do Porto entrará em obras em 2023, com uma dupla vertente: melhorar condições dos seminaristas e construir novo edifício com 55 quartos para pernoitar.
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A Igreja tem muitas obras, mas a requalificação do Seminário do Porto, englobando a construção de uma hospedaria nos seus terrenos, na Sé, já é considerada "a menina dos olhos da diocese". Quem o diz é o padre e responsável pela área financeira, Samuel Guedes.
A intervenção abarca a modernização do atual complexo, a fim de proporcionar melhores condições aos seminaristas, a par da criação de um equipamento para receber hóspedes, num novo edifício com rés do chão e dois pisos, localizado numa leira por cima do túnel da Ribeira, com vistas para o Douro e o Palácio da Bolsa. "Vamos fazer uma ampliação do Seminário, com os 55 quartos necessários à atividade seminarista e outros 55 quartos que vão aumentar a oferta, em sede de hospedaria monástica, para receber pessoas de fora", revela o arquiteto Pedro Leão, anotando que um dos objetivos é a "autossustentabilidade" económica.
"Não vamos ter aqui um mosteiro, nem monges. Fomos é buscar essa ideia. O edifício é histórico e vamos oferecer à cidade este conceito, que não será um hotel de cinco ou quatro estrelas. Será aberto ao público. Os turistas poderão vir cá e fazer esta experiência connosco", explica Samuel Guedes.
"Não haverá uma participação na vida comunitária da Casa, onde o hóspede teria acesso a atividades como a liturgia. Quem vier terá uma experiência ambiental. Sem participar na vida comunitária, nem interferir, mas sendo beneficiário do espaço", detalha D. Vitorino Soares, bispo auxiliar do Porto e reitor do Seminário.
Local para ver fogo de S. João
"Com esta operação também há a cedência de cerca de 14% da área para espaço público. O atual miradouro do Largo do Colégio, que é um beco sem saída, vai passar a ter uma escadaria que levará a uma nova rua, dentro do terreno do Seminário, que ligará à escada do Barredo. A leira abaixo da escadaria vai passar a ser um jardim público. Qualquer pessoa poderá ir lá ver o fogo de S. João, por exemplo", enumera o arquiteto.
Para D. Vitorino Soares, a requalificação das instalações e a abertura da hospedaria têm grande significado: "Não estamos fechados. Estamos abertos. Esta é uma dimensão a vincar. A cidade ficará beneficiada, assim como os que visitam e os que cá vivem".
Uma empreitada desta envergadura no Centro Histórico implica um avultado investimento. Samuel Guedes fala de "um valor próximo dos 10 milhões de euros". Explica que "a diocese tem património e que ao longo dos anos muitas pessoas doaram bens". Algum desse património "foi alienado". O padre diz "contar com o clero da diocese, que vai com certeza ajudar, envolvendo todas as comunidades". Mostra-se "convencido que não será difícil". Outra fonte poderá ser a União Europeia. "Também queremos ir aos fundos comunitários. Estamos a estudar fórmulas para concorrer", antecipa. Quanto a prazos, Pedro Leão declara que "um ano para arrancar com a obra seria o ideal". O projeto já "foi aprovado pela Câmara do Porto". Está na fase das especialidades. O arquiteto prevê uma "empreitada para dois anos, a correr muito bem", apontando o fim para 2025/26.
Pormenores
História
A primeira pedra do edifício do Seminário do Porto, na Sé, foi lançada em 1573. A diocese comprou-o em 1834. Desde 1951 que não recebe obras de fundo, tirando intervenções pontuais. A restruturação visa adaptar o imóvel às exigências de hoje, designadamente com a instalação de elevadores.
Alteração em Vilar
Para o Seminário de Vilar, também no Porto, mas em Massarelos, deu entrada na Câmara um pedido para alteração parcial da área afeta ao equipamento existente "para estabelecimento hoteleiro com a classificação pretendida de hotel de três estrelas".