"Sentimo-nos esquecidos": comerciantes da Póvoa queixam-se de falta de luzes de Natal

Autarquia explicou que atraso na instalação das iluminações natalícias se deveu ao calendário eleitoral
Foto: Artur Machado/Arquivo
Vários comerciantes da Póvoa de Varzim, distrito do Porto, aderiram a um protesto contra a ausência de iluminação natalícia na cidade, apagando as luzes das montras das lojas entre as 18 horas e as 19 horas.
A iniciativa, promovida pela Associação Comércio Ar Livre (ACAL), pretende chamar a atenção para "o crescente desinvestimento e falta de apoio ao comércio tradicional ao longo dos últimos anos". "O comércio local mantém vida na cidade todos os dias do ano. Mas, nesta altura, que deveria ser de união, alegria e dinamização das ruas, sentimo-nos esquecidos. Precisamos que a cidade brilhe connosco", pode ler-se num comunicado da ACAL.
O protesto tem acontecido na Rua da Junqueira, a principal artéria comercial da cidade, no centro da Póvoa de Varzim, sendo apontado como um "pedido de diálogo e compromisso para que, nos próximos anos, a cidade volte a valorizar o seu comércio de proximidade".
"Os comerciantes da rua têm investido continuamente em vitrinas, serviços e experiência de cliente, contribuindo para o ambiente urbano e para a economia local, sobretudo no Natal, o período mais crítico do ano para muitas pequenas empresas. No entanto, consideram que o poder público e as entidades responsáveis pela promoção da cidade não têm correspondido ao esforço", apontou a ACAL.
A associação alertou "para o risco de algumas lojas não conseguirem resistir a mais um final de ano fraco", apontando que "uma cidade que não cuida do seu comércio apaga o seu futuro".
Num segundo comunicado, a ACAL acrescentou que "a iniciativa não pretendeu, em nenhum momento, responsabilizar o atual executivo pela falta de iniciativas, iluminação e decorações de Natal no presente ano", e disse "repudiar toda e qualquer forma de aproveitamento político, nomeadamente tentativas de colagem de qualquer género à iniciativa".
O tema foi debatido, na terça-feira, na reunião de Câmara da Póvoa de Varzim, com o novo executivo, agora liderado pela social-democrata Andrea Silva, a explicar que o atraso, em relação aos anos anteriores, na instalação das iluminações natalícias se deveu ao calendário eleitoral. "As eleições aconteceram em outubro, mas só tomei posse a 3 de novembro, tendo acontecido a delegação de competências no dia 06. A partir desse momento, desencadeei logo os concursos públicos para as iluminações", explicou a presidente de Câmara.
Andrea Silva garantiu, no entanto, que para domingo está prevista a inauguração das iluminações e das atividades natalícias promovidas pela autarquia em parceria com a Associação Comercial local, embora reconhecendo um decréscimo no número de ruas que serão ornamentadas. "Não houve tempo útil para colocar, em tempo útil, iluminações em todas as ruas como no ano anterior. Nas principais não haverá problema, mas em algumas adjacentes não será possível", explicou.
Sobre o protesto dos comerciantes, Andrea Silva lamentou que tivesse acontecido já depois de uma reunião, na autarquia, com a ACAL, a explicar os motivos do atraso. "Fico triste, porque passa uma má imagem da cidade. Não foi feliz. Penso que podia ter sido diferente. Eu não posso mudar o passado, só o futuro e aquilo que controlo. Tudo o que podia fazer, no mínimo prazo possível, fiz", completou.
Da parte da oposição, os vereadores do PS mostraram-se "preocupados com o impacto negativo na imagem da cidade e no comércio local provocado por este atraso". "Houve falta de zelo e incompetência. A presidente resolveu imputar as falhas ao executivo anterior, do qual ela fazia parte, por isso, na minha opinião, está a culpar o anterior presidente de Câmara", disse o socialista João Trocado da Costa.
Já o Chega, a terceira força política agora representada na nova composição municipal, apontou que os "poveiros estão preocupados com a falta de iluminação de Natal" na cidade. "Preocupa-nos também o impacto no comércio local. Queremos que se resolva rapidamente", acrescentou José Vasconcelos, eleito do Chega.
