Cerca de 800 alunos com 16 e 17 anos são chamados a votar numa iniciativa em que há cadernos eleitorais, boletins e urnas como se fosse um ato a sério.
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A palavra de ordem é "Votar". Antecipando-se ao calendário real, os alunos da Escola Secundária de Rio Tinto, em Gondomar, vão esta terça-feira a votos. É um ato em tudo semelhante às eleições legislativas do dia 30, com cadernos eleitorais, boletins, urnas, contagem e afixação de resultados. A diferença é que os eleitores têm 16 e 17 anos, pois o propósito da iniciativa é despertar nos mais novos o interesse pela política e prepará-los para uma realidade que não tardará a chegar.
De um universo de 1600 alunos, cerca de 800 são esta terça-feira chamados a votar. A ideia partiu de dois professores, logo que se soube que Portugal ia passar por eleições legislativas antecipadas, e rapidamente foi absorvida pelo eleitorado juvenil. De então para cá pouco tempo passou, mas muito foi feito para preparar uma iniciativa tida como inédita.
"Com esta escala, não conheço nenhum projeto assim. Cá em Portugal, diria que nunca se fez", refere ao JN Paulo Lima, um dos mentores do "Votar Claro". Ao caráter inovador, Nuno Santos, diretor da escola, acrescenta que o ato eleitoral, apesar de ser a fingir, "responde aos anseios dos próprios alunos", que, em eleições caseiras anteriores, perceberam que "havia pouca participação".
Valorizar o voto
Além de pretenderem que os alunos valorizem o direito ao voto, os professores entendem ser necessário acabar com a ideia - de alguma forma já comum entre os mais novos - de que o voto de cada um não faz a diferença, o que contribui para a abstenção. "O que nós queremos é prepará-los para a realidade", acrescenta Paulo Lima.
O primeiro passo foi contactar a Comissão Nacional de Eleições, que apenas fez duas recomendações: que a iniciativa não fosse demasiado próxima do dia 30 e que as candidaturas fossem tratadas todas da mesma forma. É que, apesar de não passar de uma simulação, o ato eleitoral destes jovens será feito com réplicas dos boletins que os portugueses vão ter nas mãos no próximo domingo. Além disso, todos os partidos que estão na corrida eleitoral foram convidados a ir à escola falar com os alunos e a maioria aceitou.
Envolvidas na preparação estiveram também entidades independentes, como o Conselho Nacional de Juventude e a Academia de Política Apartidária (criada pelos estudantes da Faculdade de Economia da Universidade do Porto). A acompanhar o processo está ainda o Centro de Investigação e Intervenção Educativas (Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação).
As eleições vão decorrer entre as 9.30 e as 17.30 horas. No final da contagem dos votos, os alunos ainda terão de lavrar uma ata e afixar os resultados.