A corrupção é um problema sério no município de Gaia. É isso que diz a grande maioria (70%) dos seus eleitores, numa sondagem da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN, que também procurou traçar um retrato social e cultural das suas gentes. Os gaienses entendem que a imigração tem sido positiva (56%), são adeptos do F. C. Porto (60%) e católicos (75%), têm animais de companhia (63%) e posicionam-se ao centro do espetro político (44%).
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De acordo com a sondagem de intenção de voto publicada no sábado, os socialistas, liderados por João Paulo Correia (33,4%), arriscam perder a presidência de Gaia, depois de 12 anos, oito deles com poder absoluto, a favor da coligação de centro-direita liderada por Luís Filipe Menezes (41,6%). Para além da maior ou menor popularidade destes dois políticos, uma das explicações possíveis para a quebra do PS está precisamente nos problemas judiciais que sacudiram a Câmara nos últimos anos.
Recorde-se o caso do vice-presidente da autarquia, Patrocínio Azevedo, preso durante quase dois anos, no âmbito da Operação Babel, e que foi entretanto acusado de corrupção pelo Ministério Público, no âmbito de processos de licenciamento urbanístico. Ou a perda de mandato decretada pelo Tribunal Constitucional ao presidente, Eduardo Vítor Rodrigues, por entender que usou, de forma abusiva, para fins pessoais, um veículo do município.
Assim, e quando se pergunta aos eleitores o que pensam, 70% concordam que a corrupção é um problema sério em Gaia, com especial destaque para os homens (74%), os que estão na faixa etária dos 45/54 anos (74%), os que têm rendimentos mais altos (80%) e os que votam na coligação de centro-direita (77%). Só 11% dos gaienses discordam que a corrupção seja um problema, destacando-se apenas, entre todos os segmentos (género, idade, classe social e voto), os mais jovens, ou seja os que têm 18/24 anos (26%).
Politicamente ao centro
A questão sobre a corrupção foi incluída numa parcela do questionário em que se pretende perceber como vivem e pensam os residentes de Gaia e dessa forma traçar um "retrato cultural e social dos eleitores: que identidades os aproximam, que hábitos os distinguem e como avaliam temas sensíveis". Como a imigração, por exemplo, em que se conclui que há uma maioria sólida (56%) que concorda que tem sido positiva para o município (21% discordam), em particular os homens (60%) e os que têm rendimentos mais elevados (64%). Na resistência à imigração destacam-se, ainda que com proporções relativamente modestas, os que têm 35/44 anos (29%) e os que têm rendimentos mais baixos (27%).
Ainda nos campo dos valores, e em particular das ideologias, verifica-se que os eleitores de Gaia se posicionam politicamente ao Centro (44%), sobretudo no caso dos homens (54%) e da faixa etária dos mais velhos (58%). Há 22% que se consideram de Direita (em particular os que têm 25/34 anos, com 40%), e apenas 14% à Esquerda (com destaque para os 55/64 anos, com 22%, para além de um pendor feminino). Se a questão for sobre religião, 75% afirmam-se católicos (com as mulheres e os mais velhos a destacarem-se dos restantes segmentos). A classificação que se segue é a de "ateu/agnóstico", com 11%, e tudo o resto é residual.
Portistas e católicos
Como a vida não se faz apenas de fé ou falta dela (na política ou na religião), perguntou-se também sobre outro tipo de opções, nomeadamente sobre o clube de futebol preferido. A resposta foi contundente: 60% dos gaienses apoiam o F. C. Porto (os mais fervorosos são os mais jovens, com 71%, e os de classe média, com 66%). Mas também há 16% de benfiquistas. Apesar de quase toda a gente ter uma preferência clubística, são poucos os que praticam desporto com regularidade: apenas 41% (com destaque para os que têm 25/34 anos, com 50%). A grande maioria (59%) é sedentária (em particular os mais velhos e os mais pobres, em que se chega a uma proporção de dois terços).
São também praticamente dois terços (63%) os gaienses que têm que têm animais de companhia em casa. Os cães (57%) estão em maioria nas famílias do município, mas logo seguidos dos gatos (53%). Parece ser um tema prometedor em campanha eleitoral, uma vez que apenas 37% dos inquiridos não têm animais em casa (com destaque para os mais velhos, com 53%).