<p>Centenas de chocalhos, esquilas, cangas, charruas, forquilhas e cabrestos compõem a colecção de peças agrícolas do jovem Luís Lourenço, que criou o seu Museu do Tacão há dez anos, em Vila Boim, uma freguesia rural de Elvas.</p>
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Em férias, Luís Lourenço ocupa todo o seu tempo no restauro de "carros de tracção animal". O jovem de 23 anos lamenta, porém, o facto de "o espaço já não chegar". "As carroças recuperadas estão nos silos da freguesia, mas correm o risco de se danificarem", diz.
Vila Boim é uma localidade alentejana com forte tradição no sector agrícola. As antigas gerações trabalharam as terras, agora "abandonadas" na sua maioria. Esta tradição na lavoura deixou um vasto espólio agrícola naquela localidade, que ainda é preservado pela maioria da população.
No centro da freguesia, a Lusa encontrou a "Casa Agrícola Alabaça", de Domingos Besugo, hoje com 86 anos. Este preserva cada peça agrícola como um pedaço da sua vida árdua de outros tempos nos campos do patrão.
Domingos é também um artesão. Foi das suas mãos ágeis e sábias que "nasceram" muitas das réplicas que tem na Casa Agrícola.
Um espólio "muito cobiçado" por quem ali passa. "Quando em Olivença (Espanha) fizeram o Museu Rural queriam comprar-me peças, mas eu não vendi. Esta é a minha herança e é nesta terra que têm de ficar", garante.
Domingos Besugo (86 anos) e Luís Lourenço (23 anos) são duas gerações de vilaboinenses que partilham o mesmo sonho. Ambos querem um Museu Rural naquela freguesia do concelho de Elvas. "A riqueza do espólio justifica", diz o presidente da Junta de Freguesia, António Pisco Romão.
* Jornalista da Agência Lusa