"Tantos peixes que morreram aqui! Foi um crime aquilo que fizeram ao rio Leça"
Movimento e moradores denunciam descargas no curso de água que atravessa Santo Tirso, Maia, Valongo e Matosinhos. Associação de municípios está a monitorizar.
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Debruçado na ponte de Alvura, que "deve ser o sítio mais bonito de Milheirós", na Maia, Pedro Mieiro põe os olhos nas águas do rio Leça e aponta, desolado: "Está ali um peixe morto, e acolá uma enguia". São fruto das "descargas constantes" no curso de água que nasce em Santo Tirso e desagua em Matosinhos, e que têm afetado o leito, com "manchas de óleo e espuma", também nas zonas de Leça do Balio, neste último concelho, e de Ermesinde, em Valongo, denuncia o ativista do movimento Salvar o Nosso Rio Leça.
"Até aos moinhos de trigo de Águas Santas [Maia], os peixes apareceram mortos" - Manuel Silva, que vive em Alvura, viu-os às dezenas, sem vida, pelo rio fora, e enterrou-os "por causa do cheiro forte". É ele quem, "na água, de galochas", vai apanhando os animais mortos que deteta e que corta as silvas, para "o peixe não ficar engatado" e acabar por apodrecer nas margens. "Enterrei enguias e muito outros peixes à minha porta. As gaivotas andaram lá, mas não pegavam neles...", conta, confessando-se "triste" com a poluição que tem observado no leito, apesar da monitorização que tem sido feita no âmbito do projeto intermunicipal Corredor do Rio Leça.