Novas praças estão pouco visíveis e cabine telefónica foi retirada do antigo local. Motoristas exigem alterações urgentes à Câmara.
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A lista de reclamações é longa. Os taxistas de Aveiro estão revoltados com as alterações em duas praças de táxi da cidade, que aconteceram devido à requalificação da Avenida Dr. Lourenço Peixinho. E uma das reivindicações prende-se com o facto de, atualmente, os locais onde podem estacionar não estarem bem visíveis, nem devidamente sinalizados, para quem passa na rua ou para quem sai da estação de comboios. Por isso, exigem à Câmara alterações urgentes, sob ameaça de organizarem "um buzinão" à porta dos Paços do Concelho.
Quem caminha no início da Avenida Dr. Lourenço Peixinho, no sentido "pontes-estação", facilmente pensa que a praça de táxis que ali existia - quase em frente à antiga Capitania, no separador central - já não existe. Mas engana-se. Perto do local antigo, mas do lado esquerdo, a seguir a um grande bloco onde foram instalados uns sanitários, começa a praça de táxis. "Ninguém percebe que isto é uma praça. Já quase não paramos aqui, porque isto está sempre ocupado por particulares. Passo a vida a chamar a Polícia. Além disso, ficamos escondidos atrás da casa de banho e ninguém nos vê", lamenta Irene Cardoso, delegada da Associação Nacional dos Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL) em Aveiro.
"A nossa praça antiga da estação virou praça dos TVDE. E nós estamos num sítio onde ninguém nos vê"
Dos 14 lugares que a praça antiga tinha, restaram cinco. No chão, não existe nenhum marcador que diferencie aqueles lugares dos que estão no mesmo seguimento, destinados ao estacionamento público. E, no passeio, apenas um sinal vertical indica que está ali uma praça de táxis. Além disso, a cabine telefónica também "desapareceu". "O número de telefone tinha mais de 100 anos e até é da ANTRAL. Todas as pessoas mais idosas o tinham. Era o sítio de Aveiro onde melhor se trabalhava. Tiraram a cabine quando começaram as obras, há dois anos, e não a repuseram", explica Albano Figueiredo, delegado da Federação Portuguesa do Táxi.
"Invisíveis" da estação
A empreitada de requalificação, naquela ponta da Avenida, já terminou há alguns meses. Tal como na extremidade oposta, junto à estação. Aí, também há queixas. "Passaram de 14 para nove lugares e mudaram-nos de sítio. Agora, quem sai da estação não nos vê. O lugar onde dantes era a praça, está destinado aos autocarros. Mas quem passa lá a vida parados, como se fossem táxis, são os motoristas de TVDE, que ficam com muitos dos clientes", acusa Irene Cardoso. Também ali, a cabine telefónica foi retirada.
A falta de iluminação e a permissão para os motoristas da sede do concelho ocuparem uma segunda praça de táxis, situada no lado nascente da estação de comboios - que é destinada, apenas, aos taxistas de Esgueira, S. Bernardo e Aradas -, são também reivindicações da ANTRAL e da federação. E ambas reclamam uma reunião com a Câmara. "Estamos há meses à espera. Já dissemos que, qualquer dia, fazemos um buzinão", sublinha Albano Figueiredo.
"Tiraram-nos as cabines e agora as pessoas mais idosas, que usam muito os táxis, não sabem para onde ligar"
Ao JN, Ribau Esteves, presidente da Autarquia, garantiu que o "dossiê" da mobilidade está em análise. "Não estamos preocupados apenas com os táxis, mas também com a Aveiro Bus [autocarros] e com a reformulação do estacionamento no espaço público", adiantou o autarca, assegurando que os representantes dos motoristas de táxi "deverão ser chamados, antes das decisões finais", que a Câmara conta implementar "até ao final do primeiro trimestre de 2023".