Ás 10.30 horas, quando soar o sino, os fiéis do lugar de S. Jorge de Várzea, em Felgueiras, vão poder admirar um novo templo. A antiga igreja, construída pelas mãos do povo há mais de 30 anos, foi recuperada. Está mais moderna, ampla, ordenada e os problemas de acústica foram resolvidos. O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, preside à cerimónia de inauguração.
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"Era uma igreja pobre em termos visuais, com um grande problema de acústica", retrata o arquitecto Fernando Castro Coelho que aceitou o desafio de "fazer uma igreja nova dentro da antiga". Ao lado, o padre Abílio Barbosa, de mãos nos bolsos e peito cheio, transborda de orgulho. "É um projecto muito feliz", realça. Na agenda já tem 15 casamentos marcados, a maioria do concelho. Com a renovação da igreja, que custou mais de 200 mil euros, o número poderá aumentar.
Apesar das dúvidas que as obras inicialmente suscitaram, as primeiras reacções, quatro meses depois, têm sido boas. Mas a grande provação de Abílio Barbosa é hoje. "Espero uma missa muito participada, quero que as pessoas se sintam bem e que venham à igreja com mais frequência", sorri o padre, que comemora também as bodas de prata paroquiais.
Quando entrarem na renovada igreja de S. Jorge de Várzea, com capacidade para cerca de 500 pessoas, os fiéis vão poder ver como tudo começou. O primeiro esboço do projecto está gravado na porta e traça "o monte como lugar da manifestação de Deus". Este foi o mote para todo o trabalho e está bem visível. No interior da igreja há várias alusões aos montes, presentes na bíblia como lugares de encontro com o divino. O próprio mármore que reveste as paredes tem um veio cujas curvas fazem lembrar montanhas. "Foram muitos quilómetros percorridos atrás deste mármore de Estremoz", conta Fernando Castro Coelho, que contou com a colaboração da arquitecta Ana Loureiro.
O tecto branco e ondulado, a "nova pele" da igreja, é recortado por entradas de luz que fazem lembrar gotas de água. Os antigos vitrais foram substituídos e o presbitério foi modernizado. Ali destaca-se a cruz de Cristo, o sacrário, o ambão e um enorme bloco de mármore que compõe o altar. Estas últimas peças, juntamente com a pia baptismal são da autoria de Paulo Neves que esculpiu nas pedras imagens que se assemelham às impressões digitais. "É a ideia da vida, da nossa identidade", explicou o padre.