Obra foi entregue pela GO Porto à STCP que vai gerir o equipamento, que já tem cinco operadores interessados. Estrutura vai servir ligações regionais e internacionais.
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O Terminal Intermodal de Campanhã (TIC) vai receber o primeiro autocarro de passageiros dentro de dois meses. A obra foi entregue na passada sexta-feira pela empresa municipal GO Porto à Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), que vai gerir a estrutura com oito cais de embarque e 30 lugares para veículos de operadores rodoviários de serviço internacional, nacional e interurbano regional. O TIC tem uma capacidade para mil serviços por dia o que significa 120 mil passageiros/dia e 43 milhões de passageiros/ano.
A dois meses da abertura, o terminal já conta com a confirmação de paragem de cinco operadores de serviço de transporte, tanto a nível nacional como internacional, num total confirmado de 38 linhas, estando ainda em curso o processo de adesão dos operadores rodoviários ao novo complexo.
Cristina Pimentel, presidente da STCP, que visitou o TIC juntamente com Manuel Aranha, administrador executivo da GO Porto, diz que a empresa está a "convencer" os operadores, até porque o objetivo é retirar o trânsito pesado do centro da cidade e assim diminuir as emissões de CO2.
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urbanos ficam de fora
As empresas que trabalham no Parque das Camélias, na zona da Batalha, já aderiram ao processo de transferência e serão as primeiras a ocupar o novo TIC. "Aquele terminal ficará apenas dedicado ao serviço urbano e ocasional turístico", explica a presidente da STCP. Já no caso do terminal do Campo de 24 de Agosto, a situação não se afigura tão fácil. "Trata-se de uma estrutura privada, mas gostaríamos muito que a maior parte dos serviços lá concentrados aderisse também ao TIC, porque iria trazer benefícios quer para os clientes quer para as empresas operadoras", acrescenta Cristina Pimentel.
intermodalidade
Os operadores urbanos e interurbanos continuarão fora do TIC e a operar nos locais habituais. Tanto a STCP como os privados, como a Valpi, Pacense, Gondomarense, Espírito Santo, entre outros, atuarão em serviço de interface com os regionais, nacionais e internacionais do terminal.
A intermodalidade entre os diversos modos de transporte é, para Cristina Pimentel, o grande objetivo da nova estrutura com ligação direta aos serviços de transporte rodoviário urbanos mas, sobretudo, com ligações diretas às estações do metro e ferroviária.
Dessa forma, o TIC irá constituir um dos principais nós da rede de transporte público enquanto interface estratégico de um anel de contorno da cidade, funcionando em articulação com o interface da Casa da Música e o futuro interface do Hospital de S. João. Dada a sua localização, o equipamento proporciona ainda ligações rápidas para o exterior através das acessibilidades à Via de Cintura Interna (VCI) e às autoestradas A1, A3 e A4. O slogan encontrado pela Câmara do Porto para caracterizar o terminal é mesmo o "Onde as linhas se encontram!"
Ampla área verde
Como explica Manuel Aranha, "a obra foi feita quase na totalidade durante a pandemia, que teve os seus impactos na execução do projeto". A recente guerra na Ucrânia também não facilitou o desenrolar dos trabalhos e a aquisição de alguns materiais como é o caso das bétulas que tinham sido encomendadas ao país invadido pela Rússia e que tiveram de ser compradas noutras paragens.
A cobertura verde e a área circundante ajardinada, num total de 4,6 hectares, será uma das principais imagens de marca deste terminal. "O objetivo é que as pessoas, enquanto esperam pelo transporte, desfrutem da paisagem. Por esse motivo, o TIC foi construído a um nível abaixo da cota habitual. Há uma zona de conforto no piso um e outra mais fresca no cais de embarque", salienta Manuel Aranha.
Como um aeroporto
O edifício é constituído por dois pisos. No superior, localizam-se as galerias de apoio ao passageiro e operadores, com bilheteiras, informações, sala de espera, perdidos e achados, cacifos, casas de banho, loja de conveniência, cafetaria, sala de despachos, salas de gestão e manutenção e espaços e instalações sanitárias para os motoristas.
Na zona inferior, encontra-se o terminal propriamente dito, que "funcionará como um aeroporto, onde e o passageiro só acede a ele na altura exata de embarcar na viagem".
CURIOSIDADES
12,6 milhões
O investimento na construção do TIC é de 12,6 milhões de euros e contou com a comparticipação de fundos comunitários do programa Norte 2020, de 8,4 milhões.
Arquiteto premiado
A autoria do projeto é do arquiteto Nuno Brandão Costa, que recebeu o prémio da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA) para a Arquitetura 2021 por este trabalho.
Gestão da STCP
À semelhança de outros terminais municipais, o TIC será gerido pela STCP Serviços e a operação e manutenção será da responsabilidade da empresa Manvia-Manutenção e Exploração de Instalações e Construção, SA.
Estacionamento
O TIC tem um parque de estacionamento com capacidade para 268 viaturas, bem como uma área para estacionamento de bicicletas e zona de táxis. Contempla ainda uma zona de serviço e área de paragens kiss & ride.
Arruamentos
Todo o terminal ocupa uma área de cerca de 24 mil metros quadrados. A construção resultou na requalificação e na criação de novos arruamentos na envolvente. Dentro de dois meses, o TIC "será o grande interface multimodal da Região Norte".