Foi uma manhã de pânico que os habitantes de Santa Cristina, no concelho da Mealhada, viveram no sábado, com o fogo a chegar bem perto das suas casas. O incêndio, que havia começado às 8.30 horas na Vacariça, mobilizou mais de 300 bombeiros e só foi dominado próximo das 18 horas.
Corpo do artigo
Nélson Fernandes vive em Santa Cristina e não se lembra de ver uma situação de pânico como a de ontem. "Foi terrível. Quando vi a frente norte chegar perto às casas, ainda mais a arrumos com palha e lenha, assustei-me", aponta. Ao lado, António Silva ainda tinha a máscara, depois de o ar na povoação ter estado irrespirável. "Acalmou ao início da tarde, mas ainda não é razão para suspirarmos de alívio. Não sabemos se o vento aumenta de intensidade e não vem para aqui outra frente de fogo", destaca.
O incêndio chegou a Santa Cristina cerca das 10 horas e só três horas depois aquela frente foi controlada pelas dezenas de corporações de bombeiros que se juntaram para combater as chamas. O telhado de um anexo ainda chegou a ser atingido, mas sem provocar danos estruturais ao edifício.
Nas mãos do vento
O vice-presidente da Câmara da Mealhada, Guilherme Duarte, esteve a manhã toda em Santa Cristina, local onde foi também instalado o Posto de Comando, testemunhando os momentos de aflição dos habitantes. "Foi uma manhã de terror que se viveu aqui, com uma grande nuvem de fumo. Felizmente, não houve grandes danos", destacou. A diminuição do vento foi, para Guilherme Duarte, um fator muito importante para que se conseguissem combater com eficácia as chamas.
O fogo ainda se aproximou do concelho vizinho de Penacova, acabando por não entrar. Foi dado como dominado às 17.45 horas, tendo envolvido 312 bombeiros e 11 meios aéreos.
Maiores fogos
Pelo país
Entre as mais de uma centena de ocorrências de ontem (ver infografia), destacou-se um incêndio de grandes dimensões, que deflagrou, de manhã, na freguesia de Santo Quintino, em Sobral de Monte Agraço. Ao final da tarde, o fogo ainda mobilizava mais de 200 operacionais e três meios aéreos. No entanto, não se encontravam localidades em perigo, estando as chamas a lavrar numa zona de eucaliptal. Já no concelho de Estremoz, também devido a um incêndio, que começou pelas 15.20 horas, a A6 teve que ser cortada, durante pouco mais de uma hora, entre os nós de Évora e de Borba. Em Alcobaça, ao fim do dia, mais de uma centena de bombeiros também ainda combatia as chamas, que deflagraram, à hora de almoço, na localidade de Mairoga. E, em Baião, o fogo que começou na quinta-feira, ontem mantinha-se em fase de conclusão, com mais de 140 operacionais no terreno.
Águeda e Albergaria
Artur Neves, secretário de Estado da Proteção Civil, esteve ontem em Águeda e em Albergaria, num dia em que os incêndios daquelas localidades já se encontravam em fase de rescaldo, mas ainda com cerca de 300 operacionais no terreno. O governante destacou a "cooperação e trabalho exemplares" de quem combateu as chamas. Em Aveiro, ontem, o cheiro a fumo ainda se sentia, mas com menos intensidade do que na véspera. Anteontem, quando os incêndios nos dois concelhos vizinhos ainda lavravam, as intervenções programadas no bloco operatório do hospital de Aveiro foram canceladas devido à contaminação do ar. Estes fogos ficaram também marcados pelo atropelamento de um militar da GNR por um condutor que insistiu em seguir por uma estrada cortada. O juiz do tribunal de Albergaria libertou-o ontem, tendo ficado com Termo de Identidade e Residência.