Tourada animou a tarde na terra do salpicão

Não era o Campo Pequeno, mas o Chegódromo (campo de achegas de bois) de Vinhais transformado em praça de toiros engalanou-se para receber a primeira tourada oficial do concelho, uma das poucas que se faz na região transmontana. Dita a tradição que no Nordeste os bois lutem nas chegas, mas os usos já não são o que eram e a empresa municipal Proruris organizou o evento.

Depois das feiras do Fumeiro e da Castanha, Vinhais quer agora ser também "uma terra de touros, de lutas de bois e de touradas", frisou o edil local, Américo Pereira. A ideia é promover a agricultura e o mundo rural, onde o porco bísaro reina todo o ano, mas os toiros conseguiram ser reis por um dia e levar milhares de pessoas à praça, inaugurada "funcionalmente" ontem, uma vez que está em fase conclusão das obras.

A atracção de mais gente ao concelho é outro objectivo do município. Afinal "a tourada também é uma indústria do lazer", considera o autarca. Espanha é logo ali a seguir à aldeia da Moimenta, e quem sabe se não se cria "aficcion" entre os vinhaenses.

O povo gostou da faena. A maioria nunca tinha visto o espectáculo ao vivo e foi uma estreia absoluta. Davam por bem empregue o preço do bilhete. "Aqui nunca houve tourada desta, só havia com os bois a engarrarem-se ", contou João Fernandes, 66 anos. "Isto assim tem mais emoção", acrescentou Josefa Ferreira.

José dos Santos, 81 anos, fez uma viagem de 45 minutos, desde Santa Valha (Valpaços) só para assistir ao espectáculo que só conhecia "ao longe" pela televisão. "Já não morro sem ver ", confessou. Os cavalos, o brilho dos trajes dos cavaleiros e os "rapazes valentes que fazem pega", eram a razão de tanto alvoroço. Pouca gente se via nas ruas.

Pessoa de Carvalho, empresário tauromáquico, referiu que o interesse pelos touros está a aumentar no interior, onde considera "que as touradas nunca foram tratadas com seriedade, vinham os touros que não eram o primeiro produto do ganadeiro", lamentou.