A Comissão de Trabalhadores da Cerâmica de Valadares, em Vila Nova de Gaia, aceitou, esta quinta-feira, a proposta da administração da empresa para um "lay-off" por seis meses para 214 funcionários.
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"Os trabalhadores tiveram de aceitar, porque não há mais nada que se possa fazer", disse à Lusa Raul Almeida, da CT.
A Lusa contactou a administração da Valadares que se escusou a prestar esclarecimentos adicionais sobre este processo.
No final de reuniões com os trabalhadores, para explicar o "lay-off", e com a administração da Valadares, para acertar pormenores do processo, Raul Almeida contou que nesses encontros estiveram também dirigentes do sindicato do setor e o advogado dos funcionários.
De acordo com o dirigente da CT, a proposta da empresa apresentava algumas "falhas técnicas" que, contudo, deverão ser corrigidas até quarta-feira, dia em que deverá ser entregue na Segurança Social.
"Uma das coisas que exigimos é que seja incluído no processo a entregar na Segurança Social as datas em que a administração pretende pagar os salários em atraso", disse Raul Almeida, referindo que faltam pagar 20% do mês de março, a totalidade de abril e os dias de maio até à entrada em vigor do "lay-off".
O representante dos trabalhadores acrescentou que o processo deverá ficar "fechado" numa reunião agendado para quarta-feira de manhã.
Ainda segundo Raul Almeida, os responsáveis da empresa disseram ser sua intenção "ir ativando os trabalhadores à medida que isso vá sendo possível".
Na quinta-feira, o administrador António Galvão Lucas confirmou que, "neste momento, os trabalhadores da empresa encontram-se com parte do ordenado de março e a totalidade de abril em atraso, estando a produção parada por opção", sem adiantar mais detalhes sobre a situação da Valadares.
No início de abril, o PCP e o Bloco de Esquerda questionaram o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, sobre a situação da Cerâmica, com o deputado bloquista, Pedro Filipe Soares, a dizer que "o pecado dos Estaleiros de Viana ou da Cerâmica de Valadares é não quererem comprar ações, é quererem produzir. Se tivessem um nome pomposo e alguns conhecimentos, mais facilmente teriam acesso a financiamento" da Caixa Geral de Depósitos.