Os trabalhadores da EMEF saíram à rua no Barreiro, esta quarta-feira, em protesto contra a intenção da empresa de encerrar as oficinas no concelho, garantindo que vão continuar a lutar pelos postos de trabalho.
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"Começou num plenário nas instalações da EMEF [Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário] em que foram propostas formas de luta e esta foi aprovada - trazer a luta para a rua para dar visibilidade a este problema", disse à Lusa Filipe Marques, dirigente do Sindicato dos Ferroviários e funcionário na empresa.
Algumas dezenas de trabalhadores concentraram-se no centro da cidade e deslocaram-se à Câmara do Barreiro e ao Centro de Emprego, onde entregaram uma resolução que foi aprovada no plenário desta quarta-feira.
"A resolução reflete as preocupações mais prementes, em que a questão central é o encerramento das oficinas da EMEF até Dezembro de 2012", indicou Filipe Marques, acrescentando que o plano de ação da EMEF prevê o enceramento das oficinas do Barreiro até ao final do ano, sendo 42 trabalhadores transferidos para o Poceirão.
Os trabalhadores levavam uma faixa em que se mostravam contra a privatização da empresa, o fecho das instalações no Barreiro e a redução de trabalhadores, gritando palavras de ordem como "a luta continua, a EMEF está na rua".
"Existem 126 trabalhadores cujos postos de trabalho são para extinguir até Dezembro e não está definido no plano de acção a forma como os trabalhadores vão sair da empresa. Pelo nosso levantamento nem todos estão na condição de reforma, apesar de 90 poderem estar", disse o responsável.
O dirigente disse que, sobre os 42 trabalhadores que devem ir para o Poceirão, não há também indicação de como decorrerá o processo: "Em Dezembro saíram trabalhadores aqui da EMEF para Oeiras e Santa Apolónia, o que causa problemas aos trabalhadores nas suas deslocações, o que vai acontecer também no Poceirão".
Filipe Marques lembrou que aquando da eletrificação da linha ferroviária do Sado, entre as Praias do Sado e o Barreiro, não se eletrificaram 300 metros de linha que permitia que os comboios elétricos chegassem às oficinas da EMEF.
"Foi uma opção política para um objectivo, pois assim os comboios eléctricos não chegam à EMEF Barreiro e têm que ir a Lisboa reparar, o que é terrível para a manutenção destes postos de trabalho", defendeu.
O dirigente sindical apelou ao presidente da Câmara, Carlos Humberto (PCP), para que esteja ao lado dos trabalhadores na luta contra a intenção da empresa.
"Queremos ter a câmara connosco na luta e o presidente disse que sim, o que num futuro próximo queremos concretizar. Não temos outra arma que não seja resistir", concluiu.
Na semana passada, o presidente da câmara disse ter-se reunido com a administração da EMEF no Barreiro e que lhe foi confirmado que o plano da empresa pode conduzir ao encerramento das oficinas, como foi denunciado pelo PCP local.
"Um dos principais problemas do Barreiro é o emprego e esta situação pode levar ao desaparecimento de quase 200 postos de trabalho", salientou.