A Cáritas Arquidiocesana de Braga tem identificados casos de trabalhadores imigrantes que vivem na mesma casa e utilizam a mesma cama para dormir, em diferentes períodos, devido às dificuldades financeiras sentidas.
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“Não é tão comum como a partilha de apartamentos ou de quartos, mas há situações destas, que são mais extremas e estão mais camufladas”, explicou esta segunda-feira a diretora técnica da Cáritas de Braga, Eva Ferreira, na conferência de imprensa de lançamento de uma campanha solidária.
Eva Ferreira sublinhou que estes casos acontecem sobretudo com trabalhadores imigrantes, muitos deles a trabalhar por turnos, o que faz com que a mesma cama seja utilizada de dia por umas e à noite por outras pessoas.
“Esta é uma situação que está a ser acompanhada, mas não há soluções mágicas. Exige um trabalho contínuo para encontrar soluções através de uma rede que envolve várias instituições”, sublinhou a responsável.
A diretora técnica da Cáritas de Braga aludiu ainda ao caso de famílias que arrendam quartos a 650 euros e outras que “não conseguem pagar a renda e acabam por partilhar casa” com outras famílias, “muitas vezes com filhos”.
“Um quarto normalmente servia uma pessoa, mas agora há quartos a ser partilhados por duas pessoas”, acrescentou Eva Ferreira. A responsável disse que estas situações acontecem sobretudo com imigrantes, mas que também abrangem famílias portuguesas.
“Estamos, como nunca, a viver uma crise de habitação, que sentimos diariamente. As pessoas, mesmo trabalhando, já não conseguem suportar as despesas, porque houve um acréscimo dos gastos muito superior ao acréscimo dos rendimentos”, frisou Eva Ferreira.
Velas solidárias
A conferência de imprensa desta segunda feira serviu, também, para divulgar a campanha “10 milhões de estrelas”, que já está em curso, e que consiste na venda de “velas da paz” pelo custo simbólico de dois euros. As verbas angariadas serão utilizadas para apoiar duas causas, uma internacional e outra da âmbito local.
Segundo o presidente da Cáritas de Braga, João Nogueira, “65% das verbas angariadas serão destinadas ao apoio à habitação”, ficando os restantes 35% para apoiar microprojectos de ecologia integral nos países lusófonos.
João Nogueira referiu que, no ano passado, a campanha permitiu à instituição angariar mais de 17 mil euros, que foram aplicados nos apoios monetários atribuídos em 2023, cujo valor global já ultrapassou os 36 mil euros.
As velas estão à venda em paróquias, movimentos de jovens, escolas, instituições e empresas da Arquidiocese de Braga. De acordo com a Cáritas, a iniciativa termina na noite de Natal, com a iluminação das janelas das casas, “simbolizando a adesão das famílias aos valores da campanha”.