Moradores falam em assaltos e dizem que "as noites são um terror". Câmara do Porto está a estudar "soluções para mitigar fugas à PSP".
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Quem mora nos bairros da Pasteleira Nova e de Pinheiro Torres, no Porto, queixa-se do aumento da insegurança, devido ao tráfico de droga. Entre outras queixas, falam em "assaltos e noites de terror". Só nos últimos dois meses, este território foi alvo de duas grandes operações de combate ao narcotráfico, por parte da PSP. Houve detenções, apreensão de droga, dinheiro e carros. Na última intervenção, os agentes foram recebidos à pedrada.
Duas moradoras, que resguardaram a identificação, por proteção, aludiram a um sistema de "porta aberta" quando são levadas a cabo as rusgas policiais. Este sistema ajudará os traficantes a refugiarem-se nas casas de outros residentes nesses momentos. Alegadamente, quem dá abrigo receberá uma contrapartida. Ambas falaram em "acordos", que incluirão dinheiro.
Ilda Figueiredo (CDU), que ontem visitou o local, confirmou esta situação, mediante os contactos realizados. "Os traficantes pedem ajuda e quando esse pedido é recusado, surgem ameaças. Até assaltos", afirmou. Nesse sentido, para facilitar o trabalho da PSP, a vereadora comunista propõe que "os becos, no interior do bairro da Pasteleira Nova, sejam fechados, com grades ou outro tipo de vedação".
Ao JN, a Câmara do Porto adiantou "já ter sido interpelada pelas forças de segurança". Dá conta de que "estão em estudo soluções, no espaço público do bairro, para mitigar possíveis fugas aos agentes da autoridade" e que o Município está "a fazer esse levantamento". Entre outras medidas, é lembrado que a Autarquia continua na "disposição de adquirir equipamento para a videovigilância".
"Ambiente de faroeste"
Na população residente, os receios e as preocupações têm crescido. "Esta semana assaltaram-me a caixa de correio e rebentaram a fechadura. Temos medo", confidenciou uma das mulheres ouvidas por Ilda Figueiredo e pelos jornalistas. "As noites são um terror, por vezes com tiros e confusão à mistura. Às seis horas da manhã continua o movimento. Bem cedo, as paragens de autocarro aparecem sujas", desabafou a outra interlocutora, desgastada pela realidade do dia a dia.
"Não se pode ter numa cidade como o Porto uma zona que é um ambiente de faroeste", declarou a vereadora da CDU. Para travar esta escalada da insegurança, Ilda Figueiredo pede mais "policiamento de proximidade". Seja através da "instalação de um posto ou passar a ter agentes no local em regime de permanência". Promete levar o tema à próxima reunião de Câmara, após a Páscoa.
A par do policiamento, considerou que os bairros da Pasteleira devem ter "equipas multidisciplinares, para atuar nas áreas sociais e de animação". O mesmo se passa com as "equipas de manutenção" dos edifícios, que deverão estar mais ativas. Alargar "os espaços ajardinados" será outra das propostas da CDU.