Não é permitido aceder à serra de S. Pedro da Cova de carro ou de mota, com a exceção dos veículos de residentes, proprietários, autoridades e de emergência.
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A medida, implementada ontem pela Câmara de Gondomar, surge na sequência dos mais recentes incidentes nesta zona junto ao rio Ferreira, muito procurada por adeptos do todo-o-terreno. No domingo, um acidente de jipe vitimou mortalmente um homem e feriu outros três gravemente. Há um mês, quatro ocupantes de mais um jipe tiveram de ser resgatados pelos bombeiros, quando se aventuraram a atravessar o curso de água em dia de temporal.
Na prática, as ruas de Cangostas, do Ramalho, de Couce e do Maninho - principais artérias que formam um anel de acesso à margem direita do rio Ferreira - têm desde ontem sinais de trânsito proibido. Outro local de "entrada" para a serra, junto às piscinas de S. Pedro da Cova, também passará a ter a mesma restrição.
A Câmara de Valongo também está a preparar proibições semelhantes nos acessos à serra de Santa Justa, "em articulação com a Autarquia de Gondomar".
"Não estando contra ninguém, e é bom que se diga que este não é um local perigoso, é uma tentativa de evitar que as pessoas acedam a esta zona e aconteçam outros acidentes", advertiu Marco Martins, presidente da Câmara de Gondomar. Ainda assim, o autarca frisou que tem consciência de que a colocação de placas "não impede o acesso de quem quiser".
Por isso é que a par desta medida serão fomentadas, com regularidade, "ações de vigilância e de patrulhamento", nomeadamente a cargo da Polícia Municipal e da GNR, entidade que tem jurisdição na zona. As infrações serão punidas de acordo com o Código da Estrada.
Disponível para reunião
Sendo este local, em S. Pedro da Cova, uma das portas de entrada do Parque das Serras do Porto - projeto que junta os concelhos de Gondomar, Paredes e Valongo numa grande rota de percursos em área natural, num trajeto que se estende por 6000 hectares - Marco Martins explicou que a associação gestora daquela área está "disponível para se reunir com representantes do desporto motorizado e em conjunto definir locais onde se pode vir a praticar estas atividades". Certo é que "exigirá medidas de segurança", sublinhou o autarca.
Mais praticantes na serra
Surpreendidos com a colocação de placas de restrição do trânsito automóvel, as opiniões dos moradores da Rua de Couce dividiam-se ontem quanto à prática de desportos motorizados em plena serra.
"Num sítio onde não se passa nada, até é engraçado ver pequeninos, de seis anos, trazidos pelos pais para aqui andarem de moto", contou uma idosa.
Já outro morador classificou esta atividade "como uma inconsciência dos pais", confirmando que no último ano "tem havido mais praticantes de todo-o-terreno". "Só no domingo em que aconteceu o acidente, tinham andando 20 jipes aqui de manhã", concluiu.
Sanção
Condutor de jipe ainda não pagou coima de 4300 €
O condutor que, no passado dia 21 de dezembro, atravessou o rio Ferreira de jipe, em S. Pedro da Cova, com três colegas - indiferente a todos os alertas de mau tempo -, ainda não pagou os 4300 euros referentes à operação de resgate dos bombeiros. Ao que o JN conseguiu apurar, o prazo deverá expirar no decorrer da próxima semana. Caso o pagamento não seja feito, o morador em S. Pedro da Cova poderá ser alvo de uma execução fiscal, com direito a penhora. A fatura só não foi maior porque o condutor acabou por assumir a retirada do jipe do rio. Só essa despesa, se fosse assumida pelo município, rondaria os 5500 euros.
