Três centenas de caçadores de todo o país protestaram hoje, domingo, em Viseu, contra a política da secretaria de Estado das Florestas para o sector, nomeadamente a alteração da data de abertura da caça à rola.
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Os caçadores concentraram-se ordeiramente frente ao Governo Civil e depois fizeram um almoço convívio no Fontelo, num dia que, por tradição, deveria ser o primeiro da caça à rola, adiada para o próximo domingo.
"Nós gostávamos efectivamente de hoje estar no campo a conviver", disse Vítor Palmilha, presidente da Confederação Nacional dos Caçadores Portugueses, que engloba dez federações.
O responsável explicou que tem havido uma sequência de discordâncias entre a secretaria de Estado e os caçadores, tendo o calendário sido "a gota de água que transbordou do copo".
Contou que foi estipulado o dia 15 para início da caça às rolas e o dia 22 às pombas, tendo os caçadores proposto que ambas começassem hoje, porque "caçar estas duas espécies separadamente não faz sentido".
"Pedimos essa unificação e passou a ser tudo a 22, com prejuízo claro para os caçadores do Norte e Centro de Portugal", lamentou Vítor Palmilha.
Explicou que para os caçadores do Algarve e do Alentejo "não há grande prejuízo", mas que os do Norte e do Centro "têm menos hipóteses de caçar a 22 e 29, porque as rolas já desceram (para Sul)".
"Nós no Algarve e no Alentejo vamos ter as rolas que eles não conseguiram e mais as nossas. Há mais hipóteses para nós e menos para eles", referiu o responsável, que é também presidente da Federação de Caçadores do Algarve.
Por outro lado, ainda que a caça às rolas seja permitida até 30 de Setembro, "a partir de 5 de Setembro abre a caça aos coelhos" e os caçadores deixam de se dedicar às rolas.
Os caçadores estão também descontentes por a secretaria de Estado ter suspendido uma portaria relativa à formação.
"Não concordamos de maneira nenhuma com a sua suspensão, porque achamos que as organizações do sector da caça e confederação nacional dos caçadores portugueses e as suas federações devem fazer essa formação para obtenção da caça de caçador", justificou Vítor Palmilha.
Criticou também "que neste momento os caçadores percam quatro dias de trabalho para poder obter a licença de uso e porte de arma e a carta de caçador", propondo que "seja apenas num dia, como era antigamente".
A lei das armas também é motivo de discórdia, contestando os caçadores que "tenham de pagar 250 euros quando deixarem caducar a licença de uso e porte de arma, um dia depois de passar a data para a renovação" e que "seis meses depois as pessoas sejam arguidas se não renovarem a sua licença de uso e porte de arma".
"Os dois ministérios (Administração Interna e Agricultura) têm que se entender e pôr cá fora uma lei das armas que seja adequada aos caçadores, não uma lei que esteja virada para os criminosos", defendeu.
"Nós não somos criminosos. Somos nós que semeamos, cultivamos, pomos comedouros e bebedouros e, portanto, achamos que devemos ser vistos de outra maneira", acrescentou.