Grupo de 20 costureiros da Mealhada equipa IPSS com vestuário de proteção.
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Micael Lourenço está a fazer uma formação de costura em Coimbra, mas já faz trabalhos na área desde pequeno, sobretudo fatos para ranchos e figurinos para uma escola de samba do Carnaval da Mealhada.
Ao saber da disponibilidade da Câmara da Mealhada em receber material de apoio à Covid-19, prontificou-se a ajudar. Já fez 23 cogulas (proteções para a cabeça) e vai agora começar a trabalhar nas máscaras, que serão cedidas a instituições particulares de solidariedade social (IPSS) do concelho.
"Comecei pelas cógulas porque me disseram que era o mais necessário e também para o que dava o tecido que me cederam", conta ao JN.
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Micael é um dos 20 voluntários que estão a fazer materiais para as nove IPSS da Mealhada, e também o único homem. "Desde os cinco anos que faço trabalhos em costura e o que me vejo a fazer é roupa etnográfica. Nos últimos dois anos também me dediquei às escolas de samba e fiz todos os figurinos da real imperatriz. Sabendo das necessidades das IPSS, também quis ajudar", revela.
Batas, toucas e máscaras
Na Vimieira, localidade a três quilómetros do centro da Mealhada, Idalina Várzeas, costureira há mais de meio século, já fez 26 batas, 20 toucas e já perdeu a conta às máscaras. Tudo isto em duas semanas. "As máscaras têm três camadas de tecido, para serem mais resistentes", assegura. Foi contactada pelo vereador da Ação Social da Câmara, Nuno Castela Canilho, para saber se estaria interessada em colaborar com as IPSS e não disse que não. "Disseram que me davam tecidos e avancei. Na primeira leva gastei logo tudo com as batas, depois mandaram mais", conta.
As batas, prossegue Idalina, são feitas com um método simples, sendo que basta desatar um laço para as retirar. "É semelhante às dos hospitais", aponta.
O presidente da Câmara, Rui Marqueiro, congratula-se com "a boa vontade das pessoas, que rapidamente aceitaram o repto lançado pelo município". Neste momento, já foram cedidas às IPSS do concelho 50 equipamentos completos, que incluem batas, toucas, mangas, pés e cógulas (as máscaras são à parte).
Nuno Castela Canilho indica que foram os próprios costureiros a sugerir o fabrico de material, destacando que a ideia do município foi também combater a especulação. "Sabemos que este material, que é suposto ser descartável, está a ser vendido a preços absolutamente especulativos", indica o vereador da Ação Social.