Estudantes levaram palavras de esperança aos mais velhos de Alijó e ajudaram a recuperar a casa de uma família carenciada.
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Os bolinhos e o vinho moscatel que Manuela Ferreira leva para confortar a pausa da manhã de trabalho mostram carinho. "Gosto muito de vós. Trouxe um miminho". Dirige-se aos futuros médicos que andam empenhados na melhoria das condições da casa de Sandra Carril, em Pegarinhos, Alijó. "Mas que bom, dona Manuela. Você trata-nos muito bem!", responde Rafael Castro.
Rafael é um dos 50 estudantes de Medicina integrados na "Missão País" no concelho de Alijó. De porta em porta visitam pessoas mais velhas, animam utentes de lares e ajudam a recuperar a habitação de Sandra Carril, desempregada, com o marido com cancro e um filho de 11 anos para criar.
"Às vezes não temos a real noção das necessidades das pessoas, por isso vale muito a pena estar aqui", consente Mariana Rodrigues, que, tal como os restantes integrados nesta missão em Alijó, estuda no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. O colega Francisco Silva realça que "é muito gratificante ajudar as pessoas, fazer-lhes um pouco de companhia e acender alguns sorrisos".
A casa de Sandra foi virada do avesso. "Pintámos paredes, organizámos os quartos, melhorámos o isolamento térmico e retirámos coisas que ocupavam espaço e não eram necessárias", explica Rafael Castro. A intervenção teve o apoio da Câmara de Alijó, da Junta de Pegarinhos e da associação "Just a Change", e o empenho de voluntários locais. Simone Silva, 21 anos, vive na aldeia e juntou-se aos estudantes porque "é bom fazer bem, receber bem e ajudar o próximo".
Muitas necessidades
A presidente da Junta, Cármen Pinto, também ajudou os "meninos" a "darem nova vida à habitação" de Sandra. Contudo, admite que "teriam muitas mais famílias para ajudar", já que há "muitas necessidades" sociais no concelho.
A "Missão País" é um projeto universitário e católico. Por isso, os jovens levam a casa das pessoas uma imagem da "Mãe Peregrina". Em Santa Eugénia, em casa de Valentina e Manuel Martins, 67 e 69 respetivamente, fala-se da vida, da família e reza-se. No final, bolinhos e vinho moscatel.
"É muito gratificante. As pessoas são muito recetivas e calorosas. Dão-nos sempre um lanchinho", sorri a estudante Beatriz Silva. Manuela Ferreira explica porque é que isto acontece: "Às vezes sentimo-nos sozinhas. É muito bom falar com estes jovens e desabafar um pouco. Eles dão alegria à aldeia, que já tem muitas pessoas idosas".
É isto que José Paredes, presidente da Câmara de Alijó, valoriza na "Missão País". Porque depois de dois anos "tão difíceis" devido à pandemia, "é importante que estes jovens tragam uma mensagem de alegria, fé e esperança aos nossos idosos". Os futuros médicos voltam mais uma semana em 2023 e em 2024.