O Departamento de Saúde Pública detetou um surto de legionela num lar de terceira idade de Matosinhos. Segundo a Autoridade Regional de Saúde do Norte, há dois casos confirmados e uma pessoa faleceu.
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São já dois os focos de legionela na região Norte. Além de Caminha, foi detetado outro surto num lar de terceira idade em Matosinhos (o Centro Social de Leça do Balio, em Gondivai), segundo a Autoridade Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte). Duas pessoas estão infetadas e uma delas faleceu.
“No concelho de Matosinhos foi identificado outro cluster, com provável origem ambiental num Estabelecimento Residencial para Pessoas Idosas (ERPI), tendo sido confirmados, até à data, dois casos, registando-se um óbito, e implementadas as medidas de controlo do cluster”, adiantou a ARS-Norte.
No mesmo esclarecimento, enviado ao JN, a ARS-Norte adianta que “as autoridades continuarão a monitorizar o surgimento de eventuais novos casos”, uma vez que “o período de incubação pode ser de até 14 dias (sendo o mais comum de 5-7 dias)”.
“As Autoridades de Saúde locais, em articulação com a Autoridade de Saúde Regional, encontram-se a desenvolver a investigação epidemiológica e ambiental, de acordo com as normas e orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS), determinando as medidas de saúde pública, ajustadas e proporcionais, à avaliação de risco, permanecendo atentas à evolução da situação. Serão tomadas as medidas adicionais que se revelem necessárias, em estreita colaboração com a DGS”, adianta ainda a ARS-Norte.
Contactada pelo JN, a responsável pelo lar do Centro Social de Leça do Balio, Graciete Pinto, recusou fazer qualquer comentário. Segundo apurámos, apesar dos casos de legionela, a residência, aberta em 1999 com capacidade para 14 utentes, continua a funcionar. Ao Porto Canal, Graciete Pinto adiantou que a estrutura residencial está em contacto com as autoridades de saúde e com as empresas de manutenção, desde o primeiro momento em que se aperceberam dos primeiros sintomas nos idosos e que estão a ser tomadas todas as medidas necessárias, “preconizadas em lei”.
A ARS-Norte lembra que a “Doença dos Legionários, uma pneumonia provocada pela bactéria Legionella pneumophila, caracteriza-se pelo aparecimento de sintomas como febre, mal-estar geral, dores de cabeça, dores musculares, tosse não produtiva e diarreia”.
“A doença atinge, com mais frequência, adultos, habitualmente fumadores, doentes cujo sistema imunitário esteja debilitado e portadores de doenças crónicas (diabetes, doenças pulmonares, doenças renais ou neoplásicas). A pneumonia provocada por Legionella pode ser grave, podendo a morte ocorrer em 5-14 % dos doentes. A infeção transmite-se por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água (aerossóis) ou, mais raramente, por aspiração de água contaminada com a bactéria”, acrescenta.
Na mesma nota, a ARS-Norte esclarece ainda que o microorganismo, que origina a legionela, “vive, habitualmente, na água, em ambientes aquáticos naturais, como rios e lagos, podendo contaminar sistemas de água criados pelo Homem, como redes prediais de abastecimento, sistemas de refrigeração, entre outros”.