Hospital tem robô terapêutico em forma de foca para trabalhar ansiedade, perturbações do sono ou alzheimer.
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"Nunca tinha visto assim uma bonequinha. Dói-me sempre muito a cabeça e quando estou com ela não me dói nada". Maria Resende, 84 anos, é uma das três doentes do Hospital de Ovar que recebe uma visita especial três vezes por semana. A foca Rosinha chegou há cerca de um mês e é o primeiro robô terapêutico numa unidade de saúde pública em Portugal.
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"Quando a Rosa chegou a reação foi de surpresa. Quando pensamos num robô temos uma imagem de elementos mecânicos. Não fazia ideia que era uma foca", conta Luís Ferreira, diretor do hospital. À primeira vista, parece um simples peluche. Mas rapidamente se percebe que é muito mais do que isso. Faz barulhos em jeito de resposta, reage com movimentos para se adaptar ao comportamento da doente, vibra quando recebe mimo e até fecha os olhos para descansar. "As enfermeiras dizem que a minha Rosinha não dorme nem come, mas eu vejo que ela está com soninho e ela já me disse que não gosta de chocolate", brinca Maria.
A doente de alzheimer conheceu a Rosa na Unidade de Convalescença e está com ela entre 20 a 30 minutos de cada vez. "Sinto-me leve da minha cabeça, ela ajuda-me muito", desabafa. O robô já é utilizado em Espanha, em terapia com doentes de alzheimer, por isso esta é uma doente típica.
E os benefícios parecem ser muitos, segundo a terapeuta ocupacional Cecília Teixeira, que acompanha as sessões. "No caso da Maria, a intervenção é no sentido de a organizar, através da parte sensorial. O toque do pelo é suave e ajuda a acalmar. A interação ajuda a nível emocional e social, na capacidade de se expressar. A foca permite que a pessoa fique mais à vontade e nos diga se está triste, se dormiu bem, como é a dor que tem".
Além de Maria, a foca ajuda uma doente com perturbação de sono. Ao início da noite, Júlia passa meia hora com a Rosa e isso já permitiu eliminar o reforço da dose de medicação para dormir. Mas é Odete Pacheco, 83 anos, quem está há mais tempo com a Rosinha. Tem uma ansiedade generalizada e diz: "É muito engraçada, parece que compreende as pessoas, a gente fala com ela e ela guincha e dá ao rabo. Até me esqueço dos problemas".