Uma grande lagoa, habitação de qualidade, um parque florestal e uma praça com as dimensões do Terreiro do Paço vão nascer nos terrenos da Quimiparque, no Barreiro. São estes alguns dos projectos que integram o futuro Plano de Urbanização.<br />
Corpo do artigo
Com ou sem terceira travessia do Tejo, entre o Barreiro e Chelas, a reconversão dos terrenos herdados da antiga Companhia União Fabril do industrial Alfredo da Silva, vai avançar e constitui uma das prioridades da autarquia para "revitalizar" o concelho, garantiu ao JN Rui Lopo, vereador do pelouro do urbanismo. "A ponte é um catalisador", admite, no entanto, o responsável, podendo imprimir mais ou menos velocidade ao ambicioso projecto que se prevê concluir daqui a 18 anos.
O Plano de Urbanização, apresentado recentemente pela Câmara do Barreiro, ainda vai ser debatido com a população e está integrado num projecto mais vasto: o Plano do Arco Ribeirinho Sul, que vai requalificar outras áreas industriais além da Quimiparque, como é o caso da Siderurgia, no Seixal, e a Margueira, em Almada.
De acordo com Rui Lopo, já existe algum trabalho em curso nos cerca de 300 hectares de terreno, sobretudo o que se prende com o passivo ambiental. Os resíduos industriais ainda existentes estão a ser removidos. Depois, o projecto avançará de forma faseada, ao longo de duas décadas.
Criar espaços voltados para os serviços, habitação, inovação e lazer estão entre os objectivos do plano de urbanização. Entre os aspectos mais importantes está a construção de uma grande gare intermodal de transportes, um novo terminal fluvial, uma lagoa para actividades de recreio e lazer e um parque florestal para reforçar a estrutura ecológica da zona.
Junto à grande "laguna" e ao novo cais fluvial, será construída uma praça com dimensões semelhantes à do Terreiro do Paço, em Lisboa. O antigo terminal dos barcos será transformado em porto de recreio, aliando ainda actividades ligadas à náutica e reparação de embarcações.
Entre a futura Avenida da Ponte e o Tejo, aparecerá uma nova zona habitacional. Rui Lopo recusa chamar-lhe "nova Expo", mas não esconde que esta será uma zona com "construção de qualidade" que pretende ser exemplar.
O plano assenta em três grandes centralidades. Uma delas será em torno da Gare do Sul, um interface de transportes públicos multimodal que articula a ferrovia pesada e ligeira e os autocarros. A segunda centralidade será a da Praça Central, e a terceira compreenderá toda a zona do actual terminal fluvial.
Parte da indústria "pesada" que ainda permanece na Quimiparque (ver infografia) vai continuar onde está, mas com alterações. Rui Lopo, frisa que a Fisipe, grande produtora europeia de fibras acrílicas, não deixará a Quimiparque. "É uma empresa que nos interessa manter e que tem um bom mercado", explicou.
Já para a Tanquipor, que movimenta e armazena líquidos e gases, será construído um pipeline para que as manobras de cargas e descargas possam ser feitas de forma mais discreta e segura, compatibilizando-a com a terceira travessia do Tejo.
A fábrica de amoníaco, alvo de muitas queixas por parte dos moradores devido à população, deixou de ser um problema. A unidade encerrou e as instalações.