A estudar no Porto e impossibilitada de frequentar as aulas durante 12 dias, por ter sido operada a um joelho e não dispor de um transporte adequado, Ana Margarida Ribeiro deu a conhecer, ao final da tarde desta quarta-feira, em frente à antiga estação do Muro, a carta aberta em que o movimento "Metro para a Trofa, já", apoiado pelas forças políticas do concelho, reivindica a construção dos 10 quilómetros que faltam da Linha Verde, que parou no ISMAI, na Maia, a escassos quilómetros do Muro, uma das freguesias da Trofa mais prejudicadas com a supressão da ferrovia.
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O "momento simbólico", como o apresentou o presidente da Junta do Muro, José Fernando Martins, serviu para assinalar os "20 anos à espera do metro", que no início do milénio fora prometido para substituir o comboio de via estreita, cuja linha foi suprimida em fevereiro de 2002. Se o transporte não for reposto, haverá "ações à moda da Trofa", com um "movimento popular de força, na rua", avisa o presidente da Câmara, Sérgio Humberto.
População pondera "luta mais musculada"
Também o autarca do Muro, para quem a reposição da via férrea "é uma questão de vontade política", admite a realização de "uma grande manifestação" caso não seja encontrada uma solução. "Queremos que este ano haja uma clarificação deste processo", reivindica José Fernando Martins, adiantando que, se tal não acontecer, a população irá "para a rua com uma luta mais musculada". E vinca: "temos de ser consequentes na nossa reivindicação".
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Lembrando que, recentemente, foi possível "reunir todas as forças políticas numa mesa, algo que nem sempre aconteceu ao longo destes 20 anos", o autarca murense mostra-se confiante numa solução a breve trecho. "Acredito que, com este agregar de forças políticas, vamos conseguir que alguém tome a decisão de trazer o metro até à Trofa", afirma.
"Este é o início de uma nova etapa. 20 anos de diplomacia terminaram hoje; a via diplomática não funcionou", aponta o presidente da Câmara, que, nesta quarta-feira, anunciou que o próximo passo incluirá "ações à moda da Trofa", as quais - explica - se concretizam num "movimento popular de força, na rua, com objetivos de nunca cruzar os braços" e com "ações concertadas, suprapartidárias".
"Quem acha que a população da Trofa vai esquecer o metro, está enganado", garante Sérgio Humberto, que, aludindo ao PRR e ao próximo quadro comunitário, lembra que "vai entrar dinheiro em Portugal como nunca entrou", o que poderá ser uma oportunidade para concretizar a obra. "Foi retirado o comboio com a promessa da vinda do metro, e esta é uma questão de justiça. Palavra dada, infelizmente não tem sido honrada. Espero que o seja num futuro muito próximo", diz o autarca.
A carta aberta agora divulgada será entregue ao Primeiro-Ministro, António Costa, e aos presidentes do Conselho Metropolitano do Porto, Eduardo Vítor Rodrigues, e do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga.