A construção de uma nova ponte para o metro na zona da Arrábida causou muita polémica, com instituições e moradores a contestar a obra.
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Assim que foram anunciados os três projetos finalistas e as primeiras imagens e informações quanto à inserção da nova ponte nas margens do Rio Douro surgiu a polémica. A contestação surgiu primeiro por parte das faculdades de Arquitectura, Ciências, Letras e Nutrição, localizadas no Polo do Campo Alegre da Universidade do Porto, e depois por parte dos residentes cujas habitações ficarão sob o tabuleiro e junto aos pilares da ponte. Para a Universidade, em causa estão "questões de defesa da paisagem, salvaguarda patrimonial, impedimento do projeto de expansão da Faculdade de Arquitetura, segurança do acesso nascente da faculdade, e agravamento das dificuldades de ligação entre os vários espaços e edifícios do Pólo Universitário do Campo Alegre".
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Os moradores foram apanhados igualmente de surpresa. Dizem que nunca foram auscultados e muitos pensam agora abandonar as casas onde viveram durante décadas. A filha de Agustina Bessa-Luís, escritora que viveu no Porto exatamente ali, diz que o projeto "desrespeita a memória da mãe", cujo centenário do seu nascimento é agora comemorado. Também os moradores do Bairro de Massarelos, junto à encosta, temem pela sua segurança e qualidade de vida, ficando alguns blocos de apartamentos sob o tabuleiro projetado.
Em fevereiro deste ano, entregaram à Metro do Porto e às autarquias de Porto e Gaia um abaixo-assinado onde contestam a travessia devido ao impacto na vida das pessoas e no valor dos imóveis. O grupo de moradores pedia dessa forma a uma série de entidades a anulação do concurso público que levará à construção da nova ponte.
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Mais recentemente, há cerca de um mês, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse ter dúvidas se a construção da nova ponte do metro no âmbito do projeto da linha Rubi, "é necessária". Questionado pela oposição durante uma sessão da Assembleia Municipal, Rui Moreira afirmou: "Não era ali que eu fazia a ponte, não fazia a ponte com aquela altura e tenho dúvidas se a ponte é necessária".
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da linha Rubi agora divulgado admite que a nova ponte terá "impacto negativo bastante significativo" na paisagem e, "sobretudo, cenicamente", apesar das medidas de mitigação entretanto projetadas pelo arquiteto Álvaro Siza. "Nesta zona, sobre a curva da Via Panorâmica entre a antiga casa da escritora Agustina Bessa Luís e a Casa Rosa, da Faculdade de Arquitetura (antiga mansão da Quinta da Póvoa), a interferência com o tecido urbano é considerada sensível", refere o documento.