Serviço de saúde em São Pedro do Sul vai funcionar este mês em "part-time" durante alguns dias do mês por falta de médicos.
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Bruno Santos foi um dos utentes que na manhã de ontem "bateram com o nariz na porta" da urgência de São Pedro do Sul. "Vinha por causa da entorse que tenho no pé. Vou ter de esperar agora até às 15 horas", lamentou. À semelhança de Bruno, foram dezenas os utentes que ontem procuraram o serviço e não tiverem outro remédio senão voltar para trás. O serviço de urgência fechou no dia 11 de maio, pela primeira vez, no dia 30, pela segunda, e ontem pela terceira vez. Mas durante este mês de junho, em pelo menos mais seis dias, a urgência vai voltar a encerrar.
São Pedro do Sul
O médico que está escalado todas as terças-feiras de manhã está sozinho, o que vai contra o regulamento do Serviço de Urgência Básica (SUB), que obriga a estar, em permanência, uma equipa de dois médicos e dois enfermeiros. Por isso, o clínico já avisou que enquanto estiver sozinho, não irá apresentar-se ao serviço. No caso de duas quintas-feiras (dias 15 e 22), não há qualquer médico assegurado no turno da manhã.
"Temos de pagar 50 euros ao táxi para ir e vir a Viseu. Faz-nos muita falta este serviço"
A este serviço recorrem utentes de quatro concelhos - São Pedro do Sul, Castro Daire, Oliveira de Frades e Vouzela - que, nos dias em que o serviço está fechado, só têm como solução recorrer à urgência do Hospital de Viseu.
Para agravar, a população é, na sua maioria, envelhecida e sem muitos recursos. Uma viagem de cerca de 20 quilómetros implica custos para os quais as reformas não chegam. "Temos de pagar 50 euros ao táxi para ir e vir a Viseu. Faz-nos muita falta este serviço", diz José Almeida. Já Maria Pinto questiona: "Quem não tem carro como é que vai para Viseu?". "Só quem tiver dinheiro é que se salva, quem não tiver não se safa", afirma, indignada, Elvira Pinto.
"Quem não tem carro como é que vai para Viseu? Não temos dinheiro para as viagens"
50% não urgentes
A diretora-executiva do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Dão Lafões admite que "têm existido dificuldades no preenchimento das escalas diurnas que são asseguradas por médicos contratados". "É uma situação que estamos a resolver com a Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro e que esperamos que a curto prazo esteja resolvida", adianta Rita Figueiredo.
"Utentes devem procurar, primeiro, os médicos de família"
Já a ARS informa que contratou três médicos para os cuidados de saúde primários de São Pedro do Sul de forma a "mitigar o impacto e a pressão" na urgência.
A verdade é que a contratação dos três clínicos não significa um aumento do número de médicos de família naquele centro de saúde, já que visa suprir a saída de outros médicos por mobilidade.
As autoridades de saúde apelam aos utentes que procurem os centros de saúde antes de recorrerem à urgência. No caso da SUB de São Pedro do Sul, mais de 50% dos utentes dos casos são considerados não urgentes.
No último concurso para especialistas de medicina geral e familiar, o ACES Dão Lafões conseguiu preencher 15 das 17 vagas solicitadas. "Vai permitir-nos ter médico de família para toda a população da área geográfica do ACES Dão Lafões", garante a diretora.