Cooperativa vai criar aldeamentos com espaço para 38 famílias. Terão hortas e até um forno comunitário.
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Para dar resposta às dificuldades de arrendamento no mercado convencional, a cooperativa bracarense ECG vai fazer nascer, em freguesias periféricas de Braga, três aldeamentos sustentáveis e cooperativos, num total de 38 habitações. A expectativa é que, ainda este ano, as primeiras 12 casas modulares, à base de madeira, possam ser instaladas num terreno em Pousada. As restantes devem estar concluídas em dois anos, após um investimento superior a três milhões de euros.
Foi na disciplina de Cidadania da Universidade Sénior da ECG que os responsáveis perceberam que era preciso procurar soluções para as famílias "com problemas" em encontrar casas a preços acessíveis, conta Manuel Moura, presidente da cooperativa.
"Em Braga, tínhamos acesso a casas com dimensão a um preço fantástico. Mas, a partir de determinada altura, a procura subiu exponencialmente e começamos a ter dificuldades", explica o dirigente, revelando que as queixas começaram pelos próprios cooperadores, desde jovens a idosos, que agora vão viver nestes aldeamentos.
A ideia do projeto não é construir para vender ou arrendar, mas antes garantir uma propriedade coletiva.
"As famílias terão necessidade de adquirir títulos de participação. A dado momento, vão ter liquidado o direito vitalício de uso", elucida Manuel Moura, garantindo que se trata do "melhor de dois mundos". "Temos uma casa da nossa família que é transmitida, automaticamente, aos nossos herdeiros", concretiza.
Apesar de casas individuais, em regime T3, o projeto cooperativo terá regras próprias. Todo o espaço do aldeamento será partilhado e tratado pelas famílias, estando previstas hortas, talhões agrícolas, um forno comunitário ou até a rentabilização agroflorestal do terreno, gerando receitas para a sua manutenção.
Outra preocupação da ECG foi assegurar que os terrenos estivessem próximos das linhas dos transportes públicos da cidade. Quanto às habitações, a máxima foi o "custo-benefício", com atenção ao ambiente.
"Vamos tentar usar painéis fotovoltaicos e fazer aproveitamento de águas pluviais para rega ou até para consumo", exemplifica o arquiteto César Lopes.
Pormenores
Inspiração
Os aldeamentos cooperativos foram inspirados no modelo "cohousing", em que as famílias chegam a partilhar cozinhas e refeitórios, o que não acontecerá em Braga.
Ruína recuperada
A ECG vai recuperar uma ruína nos terrenos do primeiro aldeamento com 12 casas, em Pousada, para ali instalar a sede da cooperativa.
Financiamento
O projeto da ECG faz parte da Estratégia Local de Habitação do Município de Braga. Desta forma, os responsáveis esperam aceder a financiamento comunitário para construir os aldeamentos.