<p>Velocidade excessiva e condução desadequada ao nevoeiro, à chuva e ao piso terão estado na origem do choque em cadeia que ontem fez pelo menos cinco mortos na A25, em Aveiro. Ao que acresce ainda a falta de patrulhamento.</p>
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As causas que poderão ajudar a justificar o acidente ocorrido ontem ao início da tarde na A25, junto a Talhadas, Aveiro, prendem-se com três factores: clima, tráfego e velocidade. Factores que são ampliados naquela auto-estrada, por representar a porta de saída e entrada no país, e mais ainda por ser Agosto, o que significa mais veículos em circulação.
"O primeiro dia de chuva proporciona sempre um aumento de acidentes", garante, ao JN, José Manuel Trigoso, presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa. "Os condutores até podem não transgredir o limite de velocidade permitido, mas isso é diferente de adequarem a velocidade à falta de visibilidade que o nevoeiro e a chuva provocam. Neste acidente, certamente essa adequação não foi tida em conta", assegura. "Havia grande volume de trânsito, distância curta entre viaturas e velocidade elevada."
Fonte do Núcleo de Investigação da GNR/BT corrobora esta tese. "Houve velocidade excessiva. Os condutores não adequaram a condução às condições meteorológicas - nevoeiro intenso e chuva forte - nem ao piso."
Ainda por cima, acrescenta Trigoso, "a A 25 é talvez a estrada portuguesa com maior percentagem de veículos pesados em circulação, cerca de 30%, porque aquela é a via de penetração da Europa para distribuição de mercadorias. Obviamente, o mesmo tipo de embate com veículos pesados tem consequências mais graves do que com ligeiros", explica. Além disso, "em termos médios, a taxa de ocupação dos veículos naquela estrada também é superior à média nacional, precisamente por ser a via que liga o país aos outros. Quantas mais pessoas levar o carro, é expectável que mais grave seja o acidente".
António Carlos Lourenço da Silva, ex-comandante da Brigada de Trânsito, insiste que "os condutores terão sido displicentes, porque na auto-estrada tudo acontece numa fracção de segundo, sendo necessário precaver a distância de reacção e de travagem", mas também aponta o dedo ao Governo. "É a ausência de patrulhamento que se impunha nesta altura do ano. Só com policiamento visível e assíduo é possível dissuadir os condutores da prática da velocidade".
E isso não acontece, denuncia, "porque o Governo extinguiu a BT em 31 de Dezembro de 2008. Depois, em Fevereiro, o ministro da Administração Interna encomendou um estudo, fez promessas, mas até hoje não disse nada".
O ministro é Rui Pereira, chegou a Aveiro ao início da noite e não quis pronunciar-se sobre as eventuais causas do sinistro. Afirmou apenas que foi um "terrível acidente de viação" e assegurou que as causas serão investigadas "pelos órgãos competentes de polícia criminal".