Há mais de três décadas que os agricultores da freguesia de Rossas, Arouca, fazem das bermas da EN224 a montra para venda dos seus produtos. Agora, a colocação de rails ameaça acabar com a tradição, pondo em risco o meio de subsistência de várias famílias.
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As protecções de metal foram colocadas pela Estradas de Portugal. Não há berma, zona de estacionamento temporário, área de merendas ou escapatória da via que não estejam vedadas.
“Esta intervenção não faz sentido e só nos prejudica”, afirma, indignado, António Pinho, vendedor que há cerca de 30 anos tem a sua banca montada junto à estrada. “Já me mandaram desmontar a barraca, porque vão colocar as protecções durante a semana”, adiantou, ao JN.
“Os clientes também não vão ter onde estacionar e não vamos ter possibilidade de vender os nossos produtos. Isto vai prejudicar a freguesia”, lamentou.
“Agora é que vai começar a haver acidentes, porque fecharam a estrada dos dois lados das bermas. Se houver avarias num autocarro ou noutra viatura não há onde estacionar o trânsito vai ficar todo parado”, acrescentou.
Para os clientes, a medida também merece críticas. “Não tem jeito nenhum e não vai prejudicar apenas os comerciantes. Se um carro avariar na rua, como vai ser?”, questiona Mário Brandão, lembrando, ainda, que também os madeireiros, que tinham o acesso aos pinhais através da estrada, vão ter a vida dificultada.
“Primeiro tiraram-nos as cotas para o leite, depois o gado, agora até a pouca fonte de rendimento que nos resta nos querem tirar. Vamos viver de quê?”, revolta-se Fernando Tavares, de Rossas.
“Fomos apanhados de surpresa”, afirmou o presidente da Câmara de Arouca, Artur Neves, explicando que “o projecto inicial não previa estes fechos”.
O autarca afirma que a decisão foi justificada com a necessidade de aumentar a segurança da via. Mas, adianta, “não foi a mais correcta”. Artur Neves afirma que, após contactos efectuados com a Estradas de Portugal, “há receptividade para se reavaliar o assunto”.
“Os espaços de aparcamento são necessários, por exemplo, para as viaturas dos bombeiros poderem combater incêndios naquela zona florestal”, alertou o presidente da Câmara.