Terminaram as aulas sobre técnicas de atendimento e agora aprendem inglês. São 20 vendedores da Praça da Fruta de Caldas da Rainha, têm idades entre os 24 e os 60 anos e um gosto especial pela aprendizagem. Tudo em prol da clientela.
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Jaime Mendes até gosta mais "de números" mas com muita persistência vai-se entendendo com as letras. Foi emigrante durante anos, em França, e garante que domina a língua daquele país. O pior é que na praça da fruta, onde está instalado desde 1980, são poucos os clientes que falam francês.
"Antigamente havia muitos turistas belgas. Agora com a auto-estrada para Peniche temos muitos espanhóis e japoneses" adianta o comerciante, admitindo que, por vezes, sentiu dificuldade em comunicar. Garante que a língua inglesa "não é difícil" e que tem procurado treinar a conversação. "Estes cursos são uma mais valia porque nos ensinam coisas novas", afiança.
Satisfeita com as aulas de inglês onde relembra o que aprendeu no preparatório está Sandra Coutinho. "Tive inglês até ao 9º ano, sei escrever mas tenho alguma dificuldade em falar", explica garantindo que estas aulas "servem para recordar algumas coisas e aprender outras". É que apenas sabe "o básico dos básicos". Mostra-se entusiasmada por aprender alguns nomes de produtos que vende e revela a satisfação por ter uma formadora "que puxa muito por nós e nos obriga a falar".
Jaime e Sandra são dois dos 20 alunos, vendedores da mítica Praça da Fruta da cidade termal, que estão a frequentar vários módulos de formação, numa iniciativa promovida pela Câmara local em parceria com a empresa "Significado". Hugo Oliveira, vereador do desenvolvimento económico, explica que estas acções "resultaram de conversas" que foi mantendo com os vendedores, onde habitualmente faz compras.
"Eu fui falando com eles e fizeram-me sentir algumas dificuldades. As ideias foram surgindo e eu estava com alguma expectativa "para saber qual a adesão a estas formações, explicou o autarca.
Segundo Hugo Oliveira, esta formação modelar confere aos participantes créditos que depois podem ser certificados junto do Centro de Novas Oportunidades. Depois de terem aprendido técnicas de atendimento, os comerciantes estão a ter formação em inglês, num total de 50 horas. As aulas decorrem às quartas-feiras, das 19 às 23 horas e nas tardes de sábado, na Universidade Autónoma de Caldas da Rainha.
Há mais de um mês como formadora, mantém-se Paula Rego que não se cansa de enaltecer "o esforço, empenho e interesse" dos seus formandos. "São pessoas com escolaridade baixa que estão muito receptivos à aprendizagem", esclarece.
Depois de lhes ter ensinado as "boas maneiras" para atender e cativar os clientes, Paula Rego ensina agora, em língua inglesa, as cores, os números, os dias da semana, os meses e até a cumprimentarem-se. "É um vocabulário mais prático, dentro da área deles" ou seja "entre cliente e vendedor".