O vento que no domingo provocou uma tragédia no final da festa da freguesia de Fervença, Celorico de Basto, "foi tão forte que até era capaz de levar um autocarro pelos ares". "Foi uma coisa nunca vista", explicou Hernâni Bastos, presidente da junta de freguesia.
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No domingo, cinco minutos de temporal, com chuva, "calhaus" de granizo e um vento "muito, muito forte", semearam o pânico em Fervença, no final da procissão da festa da freguesia, arrancando o palco e matando uma mulher de 48 anos, que terá sido atingida na cabeça por um ferro.
Segundo o autarca local, "a tragédia podia ser ainda muito maior", caso as pessoas, entretanto, não tivessem começado a dispersar e a refugiar-se nos carros, perante as "nuvens negras" que se avistavam no horizonte.
"Nem quero pensar no que teria acontecido se todas as pessoas ainda estivessem no local", referiu, lembrando que a reacção normal de muitos foi abrigarem-se debaixo do palco, sobretudo para não apanharem com as pedras de granizo, que "tinham um tamanho assustador".
Hernâni Bastos garantiu que o palco "cumpria todos os requisitos de segurança", tendo acolhido vários espectáculos sem que se tivesse registado qualquer incidente.
Além de arrancar o palco, o mau tempo também partiu vidros de carros, destruiu as iluminações das festas e derrubou árvores.
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Celorico de Basto, Marinho Gomes, admitiu que, antes da tragédia, "já se avistavam na zona do Marão nuvens muito escuras, que anunciavam chuva forte".
"Mas nada que fizesse prever que fosse tão rápido. Aquilo foi quase instantâneo. Ouviu-se um trovão muito grande e logo de seguida veio a chuva, o granizo e um autêntico vendaval", explicou o responsável.
Segundo Marinho Gomes, o principal problema é que a festa decorria no cume de um monte, zonas que ficam sempre "mais expostas e vulneráveis" em caso de vento forte.
"Não queiram culpar o palco, que o palco não tem culpa nenhuma, o palco era seguro", garantiu.
A vítima mortal era residente em Fervença, tendo, logo após o acidente, o marido e o filho sido transportados ao hospital, essencialmente para apoio psicológico.
Uma grávida de sete meses também teve uma crise de ansiedade e foi levada ao hospital, mas já teve alta.
A Junta de Freguesia de Fervença assegurará os custos do funeral, uma vez que a vítima integrava uma família "muito carenciada".