Viana aprova alteração de plano de urbanização para acolher nova fábrica
A câmara de Viana do Castelo aprovou a suspensão do Plano de Urbanização da Cidade (PUC) para a instalação de uma fábrica de Energy POD (ePOD), equipamentos pré-fabricados de transformação de energia para centros de processamento de dados, num investimento de 50 milhões de euros que prevê a criação de 500 empregos.
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O projeto do CTS Group e da Eaton foi anunciado há dias publicamente, já com data de entrada em funcionamento em fevereiro de 2026, e com intenção de se instalar em terrenos situados entre Darque e Vila Nova de Anha.
Esta quarta-feira, em reunião camarária, o executivo aprovou uma proposta de suspensão do PUC, numa área com 13,1 hectares, situada maioritariamente na freguesia de Darque a um quilómetro a sul do porto comercial e a nascente do acesso a este (antiga Estrada Nacional 13-3), com o objetivo de "acolher a instalação de uma unidade industrial 21 mil metros quadrados de construção", que, segundo a autarquia, é "capaz de gerar um acréscimo significativo de emprego e do volume de exportações do concelho, num setor crítico da economia, na proximidade ao Porto Comercial de Viana do Castelo".
A mesma proposta refere que "a ausência de condições para avançar com o investimento poderá levar ao cancelamento deste", o que "privará o município de um investimento que pelo volume de emprego, exportações e potencial de entrada da num segmento estratégico, de constituição de um aglomerado industrial pelo potencial de atração de empresas do setor, e promoção de sinergias entre "stakeholders" locais".
A aprovação da alteração ao PUC, pelo executivo de maioria PS, não foi pacífica, tendo os vereadores do PSD e Independente votado contra e a CDU e o CDS optado pela abstenção. A oposição lembrou que esta se trata da "terceira alteração" ao Plano de Urbanização da Cidade, levada a cabo pela câmara de Viana.
O vereador do PSD, Paulo Vale, afirmou que a proposta submetida ao executivo "contraria princípios fundamentais", nomeadamente a nível ambiental - considerou que a instalação da referida fábrica, terá um "impacto ambiental irreversível", e afetará o bem estar da população-, e também "abre um precedente" ao conceder condições de exceção a um investidor, fora das zonas industriais do concelho.
Acusou ainda o autarca Luis Nobre, de usar "do estilo de Trump", ao declarar que "a oposição não tem de se preocupar porque a proposta já estava aprovada à partida (pela maioria socialista)".
Ilda Araújo do CDS defendeu a relevância do investimento, a vários níveis para o município, mas evidenciou as "sérias consequências colaterais" do mesmo, nomeadamente, no mercado da habitação local, face ao elevado número de trabalhadores da futura fábrica (500). Argumentou ainda com questões relativas ao impacto ambiental.
Já o vereador Independente, Eduardo Teixeira, chamou a atenção para o que considera ser "a forma apressada" como está a ser desenvolvido o processo de instalação da fábrica, e disse "não se sentir à vontade com a localização", prevista para o investimento.
A vereadora da CDU, Cláudia Marinho, questionou a maioria socialista se "foram ouvidas as freguesias" abrangidas pela área onde incide a alteração proposta.
Após ouvir as críticas da oposição, o autarca do PS, Luis Nobre, mostrou-se desagradado com a mesmas e afirmou: "Não recebo lições políticas". "Utilizarei todos os mecanismos existentes na lei para garantir o desenvolvimento do concelho", disse.
De acordo com a proposta camarária levada, esta terça-feira, à reunião do executivo, a unidade industrial em causa destina-se "a assemblagem de equipamentos modulares destinados a garantir a alimentação elétrica para Infraestruturas críticas em contentores (Epods) com capacidade de montar 450 EPODs destinados numa primeira fase ao mercado europeu, com o objetivo a médio de prazo de produzir para o mercado africano, capaz de criar 500 postos de trabalho e um volume anual de exportações de 675 milhões de euros".
"Será composta por seis linhas de montagem de componentes em contentores, área receção e armazenamento de componentes a integrar naqueles e componentes adicionais a instalar em obra de construção de data centers, sendo necessário ainda áreas de armazenamento suporte e logística", descreve, indicando ainda que "a empresa pretende utilizar processos de produção sustentáveis instalando sistemas fotovoltaicos para autoconsumo garantindo elevado grau de autossuficiência energética".