VianaFestas chama mais 76 mordomas, mas fala em "aproveitamento político"
O presidente da VianaFestas e vereador da Cultura da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Manuel Vitorino, afirmou esta sexta-feira que está a "haver um aproveitamento político extremista" da polémica que se gerou em torno do Desfile da Mordomia das festas da cidade, por este ano terem alegadamente ficado de fora do evento mulheres vianenses que costumam participar.
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Em conferência de imprensa, Manuel Vitorino anunciou que mais 76 mulheres previamente identificadas vão ser inscritas pela própria organização das festas nos próximos dias, para se juntarem às mil que resultaram do período de inscrições que decorreu em junho.
"Está a haver um aproveitamento político inadmissível relativamente às festas de Nossa Senhora d"Agonia, de pendor extremista, que utiliza as redes sociais para disseminar mentiras, deturpar os factos e instigar ao ressentimento e ao ódio, aproveitando-se de pontuais dificuldades ou erros de pessoas que só querem viver as festas como sempre viveram", declarou esta sexta-feira de manhã Manuel Vitorino.
"O objetivo é manipular as pessoas"
O autarca referiu também que, "com as eleições autárquicas a dois meses de distância, o objetivo é claro e visa desinformar e manipular as pessoas e o natural sentimento de pertença à festas que é, de facto, de todos, mas que tem uma organização".
"Desde o primeiro momento que ouvimos as pessoas, porque a festa é de um coletivo e não de quem tenta aproveitamento político da frustração que está a ser instigada", disse, reconhecendo sentir "a tristeza de algumas pessoas que também admitiram erros e dificuldades no processo de inscrição". "As festas em honra de Nossa Senhora d"Agonia, tem devoção à Virgem, tem fé e tem tradição. Não tem política", asseverou.
Nos últimos dias, avolumaram-se nas redes sociais protestos pela forma como decorreram as inscrições, que abriram à meia-noite de 16 de junho e deveriam decorrer até dia 30, mas acabaram por ser encerradas no dia 18. Participantes habituais e da região alegam não terem conseguido inscrever-se. Manuel Vitorino justifica o fecho antecipado do período de inscrições, ao fim de "dois dias dias, 20 horas e 10 minutos", com o facto de a afluência ter sido "avassaladora".
"Volume de inscrições ultrapassou expectativas"
Indicou que foram inscritas "corretamente mil pessoas", sendo "920 de Portugal, das quais 784 do distrito de Viana do Castelo, 138 de outros distritos e 78 do estrangeiro". "Contrariamente ao que foi propalado nos últimos dias, cerca de 80% das inscrições recebidas foram oriundas de Viana do Castelo", reforçou, acrescentando que, após verificação, ainda foram "abertas 32 vagas, num período suplementar, que foram rapidamente preenchidas".
"Verificou-se que cerca de 300 pessoas tentaram aceder à plataforma em poucos minutos", adiantou, acrescentando que, depois disso, "várias pessoas contactaram a VianaFestas e, de forma correta, deram conta de não terem conseguido fazer a inscrição por se ter atingido o limite definido (mil)", tendo algumas delas manifestado vontade de continuar a participar como no passado.
Manuel Vitorino disse que "o volume de inscrições ultrapassou todas as expectativas" e que, por isso, "a direção da Vianafestas avaliou a situação e decidiu excecionalmente abrir 76 vagas adicionais, que correspondem ao número de pessoas que, de forma oficial, comunicaram não ter conseguido fazer a inscrição". Cada uma dessas pessoas irá receber um link, intransmissível, para inserir os seus dados. "Mantêm-se as regras de participação e triagem. Repudiamos os comportamentos de todos os que tem difamado todas as pessoas que trabalham para a boa organizam das festas", rematou.
Contestação continua ativa
Em comunicado, o recém-criado movimento "Somos Todas Mordomia", que se diz "constituído por mulheres vianenses que recentemente se manifestaram quanto ao processo de inscrições para o Desfile da Mordomia 2025", convocou a imprensa para "uma sessão fotográfica de mulheres Vianenses que este movimento está a promover", agendada para esta sexta-feira, pelas 19 horas, na Praça da República de Viana do Castelo.
No mesmo comunicado, refere-se que a iniciativa "não visa gerar polémica, nem confrontar qualquer entidade". "Nasce, isso sim, de uma vontade legítima de assegurar que as mulheres de Viana do Castelo - naturais, residentes, ou com laços familiares e culturais profundos - possam continuar a participar numa das tradições mais emblemáticas da Romaria d"Agonia", pode ler-se.