As nove azenhas, em Figueiró de Baixo, Bagunte, ficaram mais acessíveis. Nova ação acontecerá em breve.
Corpo do artigo
"Fiquei encantada com o espaço e a sua riqueza cultural e natural", diz Catarina Magalhães. A arqueóloga da Maia juntou-se aos cerca de 40 voluntários que arregaçaram as mangas para limpar as azenhas da Ribeira de Friães, em Figueiró de Baixo, Bagunte, Vila do Conde. Ali, num dos raros locais que preserva tantos pedaços de história, há nove moinhos, que, noutros tempos, abasteciam de farinha a freguesia.
"Em 2009, fizemos aqui uma limpeza. Agora, já estava a precisar e decidimos voltar. Fica tudo coberto de silvas, o acesso torna-se difícil e os moinhos ficam quase tapados", explica Liliana Pereira, presidente da Associação de Proteção ao Património, Arqueologia e Museus de Vila do Conde (APPA-VC), que, em parceria com a junta, tomou a iniciativa. "Estamos a tirar as plantas invasoras, troncos e vegetação morta. Agora, já se vêem os antigos carreiros que levavam a água da ribeira a cada moinho", refere José Pedro Campos. Estudante de Matemática na Faculdade de Ciências, fez-se acompanhar por cinco amigos, todos de Bagunte. Pás, ancinhos e luvas trabalharam a todo o vapor. "Ficamos sempre a ganhar: é interessante e uma oportunidade para conviver. Em tempo de pandemia, há que aproveitar", afirma.
Autarca quer preservar
Bernardino Silva, presidente da União de Freguesias de Bagunte, Ferreiró, Outeiro e Parada, garante que é "um lugar único no concelho". O problema é que os terrenos são privados. "É difícil intervir", explica o autarca, que tem vindo a tentar contratos de comodato para, pelo menos, "estabilizar o que existe".
Na limpeza, voluntários não faltaram. A fim de evitar concentrações, Liliana Pereira limitou as inscrições. "Uns da freguesia, outros de fora e gente de todas as idades. Veio de tudo", revela, satisfeita. Como ainda há muito para limpar, está prevista uma nova ação "para muito breve".